“Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (João 13,1).

Meus irmãos, chegamos ao ápice da nossa fé (espiritualidade), o cumprimento de toda a nossa caminhada quaresmal, os três dias santos, o Tríduo Pascal, a celebração maior da nossa Igreja, onde nós fazemos memória da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

As celebrações destes três dias santos constituem uma única celebração, a celebração do grande amor de Jesus Cristo por nós. “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”.

Celebraremos, nestes três dias, o imensurável amor de Deus. É impossível para a nossa razão conseguir calcular a grandeza desse amor. Jesus se entrega inteiramente por amor à nossa salvação, dando-Se por inteiro na oferta da cruz e na Eucaristia.

Na solene Liturgia de hoje, recordamos a instituição do sacerdócio e da Eucaristia, dois sacramentos profundamente relacionados entre si, sinais incontestáveis do Seu amor por nós.

Nesse dia, temos duas celebrações: na parte da manhã, a Missa dos Santos Óleos, onde todos os padres e o clero fazem a sua renovação, a renovação das promessas sacerdotais; e à noite, a Missa que chamamos de a Missa da Santa Ceia ou a Missa do Lava-pés. Esses dois sacramentos, o sacerdócio e a Eucaristia, são sinais da presença de Jesus em nosso meio, Ele quis permanecer conosco.

Jesus se entrega inteiramente por amor à nossa salvação

Todo sacerdote, seguindo o exemplo de Jesus, deve também viver esse amor de entrega, essa entrega total: “Deixo-vos o meu exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz” (cf. João 13,15), essa é a ordem de Jesus.

Nesse dia santo, a Igreja revive, com toda a sua Liturgia, o rito do Lava-pés. Jesus que se levanta, tira o manto, amarra a toalha na cintura e, como um sinal de profundo amor, lava os pés dos Seus discípulos. Ele é o mestre e Senhor que se fez servo para nos ensinar a servir também os irmãos.

Deus, que se fez homem para servir aos homens, oferecendo-nos a salvação, a nós resta nos deixar ser banhados pela salvação do Senhor. A premissa de qualquer empenho de vida cristã é receber a salvação, cabe a nós nos deixarmos ser lavados pelo Cristo, lavados por Sua salvação, o perdão de Deus.

Jesus vai dizer para Pedro: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”. O passo seguinte é lavar os pés dos nossos irmãos, lavar os pés uns dos outros.

E nesse convite do Senhor, nós podemos ver a importância de cuidar e acompanhar o caminho dos outros. Os pés, de fato, são o meio para poder caminhar. Quando somos chamados a lavar os pés uns dos outros, somos chamados a acompanhar também o caminho de salvação dos nossos irmãos. Então, meus irmãos, tornemo-nos responsáveis uns pelos outros.

Cristo, nessa noite, ensina-nos que somos responsáveis pelo caminhar dos nossos irmãos, pelo caminhar, pela salvação do nosso próximo. O nosso caminho é o amor, o nosso caminho é amar como Cristo nos amou, e Ele nos amou até o fim. Peçamos essa graça de, juntamente com Cristo, amar os nossos irmãos até o fim.

Desça sobre você a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!