“Disse Jesus aos seus discípulos: ‘Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra! Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão’” (Lucas 12,49-51).

O Evangelho de hoje, inicialmente, pode nos causar uma certa estranheza quando ouvimos de Jesus que o Seu desejo é lançar fogo sobre a terra. Jesus disse também que a Sua missão não é a de trazer paz, mas sim trazer a divisão. Contudo, precisamos compreender que a divisão que Jesus nos fala aqui não é entre uma pessoa e outra, não é esse tipo de divisão que o Senhor está nos falando hoje.

A divisão que o Senhor nos diz aqui é a do homem (da pessoa) com o pecado. Cristo veio para provocar em nós essa separação, essa divisão com a vida errada, com o pecado, nos separar do pecado, nos fazer sair da vida errada. Essa é a missão de Jesus, esse era o Seu maior anseio, o maior impulso que O levou até a cruz, até o sacrifício, até a entrega total na cruz.

Porque a cruz de Jesus marca, de forma definitiva, essa divisão, essa separação do pecado que, antes, estava ali entrelaçado na vida do homem, e foi dividido pela cruz de Cristo, e ela nos separou do pecado, tirou o pecado de nós.

E concretizando esse projeto de salvação, por meio da cruz e da ressurreição, acontece também o derramamento do Espírito Santo, esse fogo que Jesus está ansioso por lançar sobre a Terra. Ele estava ansioso e desejava já lançar — “Como gostaria que esse fogo já tivesse sido lançado sobre a Terra!”.

O Espírito Santo nos transforma e gera esse rompimento com o pecado

As Sagradas Escrituras nos falam que o fogo simboliza essa presença divina, o fogo que tem esse poder de purificar e transformar tudo o que toca, é símbolo dessa força transformadora de Deus.

O Espírito Santo nos transforma e gera esse rompimento com o pecado. Não é um fogo que destrói, mas sim gera a vontade bem disposta, um homem que se dispõe a abandonar a vida velha. Assim como a sarça que ardia e não se consumia, assim como os discípulos de Emaús que testemunharam: “Olha, o nosso coração ardia quando Ele nos explicava as Escrituras”.

Era esse o fogo de amor que ardia no coração de Jesus; fogo que O fez levar até a concretização da cruz e o derramamento do Espírito Santo sobre nós. E uma vez pelo sacrifício de Cristo, também fomos batizados nesse fogo — fogo do amor de Deus, o fogo do Espírito Santo que gera essa divisão (a divisão do homem com o pecado).

Jesus não quer dividir os homens entre si — como disse no início —, até porque Ele é a nossa paz, porém, a paz com Cristo deve gerar a divisão com o pecado.

Aquele que está em paz com Cristo é aquele que não tem mais vínculo com o pecado, é aquele que está em guerra com o pecado. Que possamos deixar o nosso coração ser cada vez mais inflamado por esse amor, inflamado pelo Espírito Santo e, assim, cheios do Espírito Santo. Que possamos declarar guerra com o pecado, vivermos em paz com Cristo, porém divididos do pecado, longe dele.

Desça sobre vós a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!