07 May 2011

"Sou eu. Não tenhais medo"

Para interpretar com fidelidade a passagem de hoje, temos que usar o simbolismo, pois, sem ele, a narrativa parece ser um sucesso normal em que um homem se revela com poder especial sobre a natureza.

Em primeiro lugar, Jesus deixa Seus apóstolos sozinhos, à noite, no meio do mar que, por seu estado de turbulência, aparece como representante do mal, dominado pelo maligno. Por outro lado, a barca, com tudo o que na hora representava o Reino de Deus, era realmente uma pequena semente de mostarda. Sem Jesus, o vento contrário a domina e a impede de chegar a seu destino. Não adianta o esforço dos remos porque a vela, com o vento contra, não pode ser usada. E esse vento não é humano.

Aparentemente, os discípulos estavam sós. Mas, na realidade, Jesus estava ali seguindo-os e muito próximo deles. Para eles, o Senhor, como a visão do espectro, parecia como alguém saído das profundezas do mar, era um espírito maligno que os atormentava e produzia o vento furioso que impedia seu avanço. Somente as palavras amigas do Mestre logram acalmar os nervos e aportam a tranquilidade e sossego necessários. Era Ele o Amigo mais do que o Mestre, o forte no momento da fragilidade; Ele, e unicamente Ele, traria a solução do problema que os afligia.

Pedro, uma vez mais, se mostra impetuoso e mais confiante do que seus companheiros. Não só reconhece o Mestre como também quer participar desse poder de estar acima do mal, representado pelas águas turbulentas do mar. Ele sabe que o poder de Jesus não é unicamente pessoal, mas atinge igualmente seus mais íntimos amigos e reconhece na prática o que ele dirá mais tarde: “Em ti unicamente eu confio, pois cremos e reconhecemos que Tu és o Santo do Deus!”, que melhor podemos traduzir por “o Ungido de Deus”.

Porém, sempre existe a dúvida e a indecisão após tomar uma atitude valente e corajosa. O vento e o mar agitado abalam a fé e a confiança de Pedro. E unicamente a resposta de Jesus, diante da súplica angustiada do apóstolo, restabelece a situação e o salva. A oração de Pedro é o grito que deverá salvar muitas vidas do fracasso total: “Senhor, salva-me!” Nela encontramos a força que nos falta e a fé que a procura.

O trecho de hoje está escrito precisamente para demonstrar que a transcendência e independência de Jesus, manifestada com Suas palavras e Seu proceder diante das leis e costumes tradicionais e perante as leis físicas da natureza, revelam Seu domínio absoluto sobre as crenças e Seu senhorio total – como Criador e não como criatura – sobre os acontecimentos, de modo que a nossa resposta de hoje não pode ser outra que a dos que estavam no barco: “Verdadeiramente, Tu és o Filho de Deus!

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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