05 May 2010

Permanecei em mim*

A videira e os ramos. Com o Evangelho de hoje começa o capítulo 15 de São João, segunda seção do discurso da despedida de Jesus. Se antes Cristo falou da comunhão de vida com os seus mediante a sua morada em que O ama guardando a sua Palavra e diante da presença do Espírito, agora acentua de novo esses laços de união mediante outra comparação: a videira e os ramos.

“Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanece na videira, assim também vós se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós os ramos; o que permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”. A união com Cristo é condição inevitável para dar fruto como cristão, porque n’Ele, que é a cepa, vem a seiva para os ramos.

É evidente a realidade bíblica da comparação joanina a cerca da videira. No Antigo Testamento o povo de Israel é a vinha que o Senhor cuida amorosamente. Em São João, a videira é o próprio Jesus. Mas esta videira evangélica, enquanto símbolo de Jesus e dos crentes, vem a ser também imagem do novo Israel: a Igreja. No símbolo paulino do corpo, do qual Cristo é a cabeça e nós os membros, encontramos uma equivalência aproximada à alegoria da videira e dos ramos.

O Concílio Vaticano II, ainda que prefira o conceito bíblico de “povo de Deus” para definir a Igreja, dá nota das múltiplas imagens bíblicas que nos aproximam do mistério eclesial, tais como corpo, videira, redil, morada, templo, etc… Em todas elas se fala de relações pessoais e comunitárias com Deus, com Cristo e com os irmãos.

Cristo diz que Ele é a videira verdadeira, o novo Israel, que substitui a antiga vinha, arrasada porque não deu mais que uvas azedas, Por isso, como ensina a parábola dos vinhateiros homicidas , o Reino de Deus passou para outro povo que produzirá os seus frutos. A fé em Cristo não tem conotações raciais nem o monopólio de ninguém. Assim o deixa claro a primeira leitura de hoje.

Alguns integristas, vindos da Judéia para Antioquia, tentavam fechar a porta que a Igreja primitiva acabara de abrir aos não judeus com a conduta de Pedro em casa do centurião romano Cornélio e com a missão de Paulo e Barnabé aos gentios. Esta minoria de puritanos, chamados “judaizantes”, exigiam, entre outras prescrições da lei mosaica, a circuncisão para os convertidos do paganismo. Segundo eles, como condição de salvação. A comunidade antioquenha delegou a Paulo e Barnabé que fossem a Jerusalém conferenciar com os apóstolos e presbíteros. Assim teve lugar uma assembleia plenária em Jerusalém, o primeiro Concílio da Igreja, que optou pela liberdade de Cristo.

Ser cristão, ser discípulo de Cristo, não será uma questão somente de aceitar e professar uma doutrina, de respeitar certas normas de moral e de agir em consequência. Não; trata-se sobretudo de permanecer unido a Jesus pelo amor e a obediência da fé que dá vida. Por isso Jesus repete insistentemente: permanecei no meu amor, porque sem mim nada podeis fazer.

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

*Cf. B, CABALLERO. A Palavra de cada dia. p. 229-230. Paulus: 2000.

Pai das Misericórdias

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