“Naquele tempo, vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los: ‘Bem-aventurados’ (…).” (Mateus 5,1-3)
Detive-me justamente nesta primeira parte porque, aqui, nós vemos o elenco das bem-aventuranças. Você conhece muito bem, no capítulo quinto do Evangelho de Mateus, e é justamente este Evangelho que faz realmente pano de fundo para essa Solenidade de hoje.
Hoje é domingo, dia do Senhor, e toda a Igreja (aqui do Brasil) celebra o dia de Todos os Santos. O dia primeiro é o dia de Todos os Santos, mas aqui, na Igreja do Brasil, reservamos o domingo para essa Solenidade.
A Solenidade de Todos os Santos nos recorda que a santidade é uma bem-aventurança escondida nas realidades da nossa vida; não é algo inalcançável, não é algo distante de nós, justamente porque o Concílio Vaticano II recordou a todos os fiéis esse caminho de santidade para todos.
Todos são chamados à santidade de vida, no estado em que se encontram — seja no matrimônio, no sacerdócio, na vida consagrada, no engajamento laical —, somos chamados à santidade de vida.
Na vida de todos os santos, encontramos aquilo que está elencado nas aventuranças: pobreza, lágrimas, aflições, perseguições; e, mesmo assim, despontou na vida de todos eles a santidade, como resposta de amor a Deus em meio às contradições e tribulações da nossa vida.
A Solenidade de Todos os Santos nos recorda que a santidade é uma bem-aventurança escondida nas realidades da nossa vida
Os santos não foram isentos de erros e de pecados, exceto a Virgem Maria, mas eles tocaram no mais profundo de suas misérias. Muitos choraram amargamente a dor de terem ofendido a Deus, de terem vivido uma vida longe d’Ele, mas, no meio dessas mazelas, descobriram a gratuidade do amor de Deus, a misericórdia de Deus, o apelo de Deus para que vivessem uma vida santa.
O Evangelho diz que Jesus sobe ao monte. Não existe santidade que brote de uma vida horizontal, ela é vertical. Acima de tudo, ela é um dom que descende de Deus, que vem d’Ele e passa pela nossa humanidade, pelo nosso esforço a corresponder a essa graça, mas ninguém é santo pelo seu próprio esforço. Sem Deus ninguém é santo, só somos santos com a graça de Deus!
Diz o Evangelho que Jesus sentou para ensinar “didaskalos” (do grego), que quer dizer “mestre de vida”. Jesus é o único habilitado para apontar o caminho para o Pai, é Ele quem nos ensina a santidade.
Todos os santos da nossa Igreja, que celebramos hoje, são reprodutores desse caminho; não existe a via daquele santo ou daquele outro santo. Existe a via de Cristo encarnada pelo santo. O santo que você tem devoção, encarnou a via de Cristo, o caminho de Cristo porque só Ele é o caminho que nos leva ao Pai.
Na vida de um santo atestamos as virtudes de Cristo, que estão estampadas na vida desse santo, e queremos também imitá-los e viver as bem-aventuranças, para que, um dia, estejamos unidos definitivamente ao nosso Deus.
Sobre todos vós, por intercessão de todos os Santos, desça a bênção de Deus todo-poderoso Pai e Filho e Espírito Santo. Amém!
