“E Jesus perguntou: ‘Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?’ Ele respondeu: ‘Aquele que usou de misericórdia para com ele’. Então, Jesus lhe disse: ‘Vai e faze a mesma coisa’” (Lucas 10,35-37).
A pergunta essencial que o Mestre da Lei está fazendo a Jesus é justamente esta: primeiro, ele quer saber o que se deve fazer para ganhar a vida eterna – e a vida eterna é viver os mandamentos, o amor a Deus e ao próximo.
Aqui tem uma questão fundamental que Ele mesmo faz na sua justificação: “E quem é o meu próximo?”. Se temos de amar o nosso próximo, esta pergunta é, de fato, essencial :”Quem é o seu próximo?”. Talvez, você considere próximo aquelas pessoas com as quais você cria proximidade, aquelas pessoas com as quais você “se dá bem”, você gosta, aquelas pessoas pelas quais você nutre um amor e elas nutrem por você, mas o próximo tem um significado evangélico. Não é o próximo só de proximidade física, porque pode ser que o próximo esteja até muito distante fisicamente, mas é aquele de quem precisamos nos aproximar, porque ele é a presença de Deus para nós.
A parábola fantástica e linda, que Jesus nos conta e conhecemos como a “parábola do bom samaritano”, na verdade, também nos mostra o mau sacerdote, o mau levita; um homem e uma mulher maus que, muitas vezes, somos. Porque, todas as vezes que ignoramos o nosso próximo, nos tornamos um mau cristão, mau cidadão, um homem mau; todas as vezes que não nos aproximamos para cuidar do outro, não assumimos a nossa identidade cristã de amar o nosso próximo. Por isso, não se conforme de achar que você tem pessoas amigas, pessoas que você gosta, pessoas para as quais você faz festas, pessoas com as quais você sai e exalta isso como se fosse amor.
É de misericórdia que Deus usa e nos trata com ela a cada dia e, assim, estaremos mais próximos do Reino dos Céus
Sim, é o amor de amizade, amor filial, mas o amor evangélico é outro. O amor evangélico é o amor caritas, é o amor de cuidado; e eu não cuido só de quem eu considero próximo, mas quem, de fato, é o meu próximo. E a resposta é justamente esta: é aquele a quem uso de misericórdia.
Tem pessoas na nossa casa e na nossa família que precisamos usar de misericórdia, porque elas estão distantes, pois, por causa de desentendimentos, de brigas e falta de proximidade, estamos criando distância e precisamos usar de misericórdia para com as falhas, os erros dos outros, como Deus usa de misericórdia para conosco. Existem próximos que estão de uma forma muito distante de nós, estão caídos, largados, deixados de lado. Estão como esse homem que foi assaltado e levado tudo dele.
Como estão próximos de nós a pobreza, a miséria, o sofrimento, o desprezo humano e o quanto nos distanciamos disso porque queremos ignorar essas pessoas!
Para ser um bom samaritano ou um bom cristão de verdade não faça o bem só a quem você quer bem, faça o bem a quem está distante para que se torne próximo. Usemos de misericórdia para com os homens, porque é de misericórdia que Deus usa e nos trata com ela a cada dia e, assim, estaremos mais próximos do Reino dos Céus.
Deus abençoe você!