“Naquele tempo, o rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tinha tornado muito conhecido. Alguns diziam, João Batista ressuscitou dos mortos. Por isso os poderes agem nesse homem. É um profeta. Ouvindo isso, Herodes disse, ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou. De fato, Herodes tinha mandado prender João e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. João dizia a Herodes, não te é permitido ficar com a mulher do seu irmão. Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo” (Marcos 6,14-29).
Não acobertou
Bom, “não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”.
Uma coisa básica, na moral cristã, é a castidade nos relacionamentos. O irmão de Herodes, Filipe, era casado com Herodíades. E o rei Herodes se viu no direito de tomar a mulher do seu irmão e viver tranquilamente, como se nada tivesse acontecendo. Se fosse nos tempos de hoje, quem sabe, até entraria na fila da comunhão sem nenhum peso de consciência.
Quando nós dizemos castidade, nós não estamos falando de pessoas solteiras apenas, que namoram e desejam se casar, por isso vivem em castidade o tempo de espera; isso aqui é o básico da moral cristã, embora tenha muita gente vivendo o sexo fora do casamento e comunga sem o menor pudor, sem o menor zelo pelo sacramento, nem se confessam porque não querem deixar o pecado. Mas a castidade engloba a vivência sadia e o respeito pelo seu estado de vida próprio.
Se uma pessoa é casada, ela também é chamada a viver a castidade nos pensamentos, nos afetos, nas amizades. E foi esse o ponto que João Batista apontou na vida de Herodes, porque o adultério foi tranquilamente normalizado. Afinal de contas, quem é que ia querer perder os favores da corte de Herodes, atrevendo-se a abrir a boca e dizer que aquilo estava errado? Absolutamente não.
João Batista, no entanto, não se calou diante da verdade. Ele deveria ser um exemplo para todos nós, sobretudo um pai, que hoje proíbe a filha de levar o namorado para dentro de casa, para dormir lá, certamente vai ser tachado de antiquado, de conservador.
E aí, dolorosamente, muitos pais preferem a troca de favores, e consentem em muitas coisas na vida dos seus filhos.
Como eu disse, João Batista não se atreveu a isso, não acobertou aquele erro grotesco de Herodes, mesmo isso lhe custando a própria vida. Ele não se sujeitou àquele jogo de interesses. Disse a verdade a Herodes e ganhou o ódio de Herodíades, que o eliminou rapidamente.
Não calemos a voz de Cristo. Deixemos, em primeiro lugar, que Ele nos interpele, que Ele interpele a nossa consciência e nos converta o coração.
Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-Poderoso: Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!