“Naquele tempo, Jesus levou-os para fora, até perto de Betânia. Ali ergueu as mãos e abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu. Eles o adoraram. Em seguida voltaram para Jerusalém, com grande alegria. E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus” (Lucas 24,50-53).

Meus irmãos e minhas irmãs, hoje é domingo e estamos com toda a Igreja celebrando a Solenidade da Ascensão do Senhor. A Ascensão, na verdade, é uma forma de educar o discípulo. É assim: a educação que nós recebemos do Senhor, no nosso discipulado, passa por essa fase.

Vejam vocês, o pai e a mãe que educam o filho e fazem dele uma pessoa autônoma; a professora que educa o seu aluno e o ajuda a ir adiante nas etapas de formação intelectual; um formador, por exemplo, que educa o seu formando e não se apega a ele, também o ajuda a se tornar autônomo e independente, protagonista da sua própria formação, do seu caminho formativo. E Jesus faz o mesmo com os Seus discípulos, com cada um de nós.

A educação que passa por uma partida, que passa por uma separação, a educação que passa por essa fase, aparentemente, dolorosa, mas extremamente instrumento de maturidade para a vida do discípulo.

A presença agora não será mais do lado, mas a presença vai ser dentro. O discípulo vai ter que aprender a ter a presença do Seu Mestre dentro do coração, dentro de si.

A presença de Jesus vai ser na alma, no coração, ela precisa ser sentida dentro

Aqui podemos ver essa passagem, essa mudança no comportamento de Jesus para com os Seus discípulos. Quando Jesus estava presente do lado dos Seus discípulos — dizer do lado era uma presença marcada pela realidade física —, Jesus estava ali, eles podiam tocar n’Ele, estar com Ele, ouvir a Sua voz, ver o Seu rosto, uma presença marcada pelo sentimentalismo, pelas instruções, o convívio, o consolo de Jesus, a ajuda, mas num modo horizontal. Essa era a presença de Jesus do lado, agora, Ele está dentro.

E quais são as modalidades dessa presença dentro? Agora, a presença de Jesus vai ser na alma, no coração, ela precisa ser sentida dentro, no interior do discípulo, baseada nas convicções, nas certezas, nas promessas que Jesus fez. E vamos recordar isso, vamos fazer memória daquilo que Jesus nos disse baseado na confiança de que Ele está conosco todos os dias, na memória diária de tudo que nós vivemos com o Senhor. Essa é a fase que o Senhor quer nos colocar, agora, com a Solenidade da Ascensão, uma nova modalidade de presença.

Por isso, essa experiência do amor  que educa, ajuda o outro a se tornar protagonista da própria vida, autônomo, capaz de florescer os seus dons, capaz de florescer os seus talentos, de colocar para fora o seu melhor e dar ao mundo o seu melhor.

A Solenidade da Ascensão do Senhor não é uma solenidade da ausência, não é a festa da ausência, mas de um passo atrás que o Senhor dá, pois, é necessário para que aconteça Pentecostes. Jesus sai de cena para que aconteça Pentecostes. Então, não é a sua ausência, é só um passo atrás estratégico, para que o discípulo também receba agora, do Alto, uma nova modalidade de presença e saiba amar a Jesus e a viver com Ele aqui dentro do coração. Mesmo quando os sentimentos disserem o contrário, o discípulo sabe que o Mestre está com ele, está perto.

Sobre todos vós, a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!