“Naquele tempo, os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós” (Lucas 17,20-21)
Meus irmãos e minhas irmãs, a afirmação de Jesus é categórica: “O Reino de Deus não vem ostensivamente”, é a mensagem central do Evangelho que nós ouvimos. Hoje, vivemos no mundo pagão que cultua a ostentação, vivemos nisso. As pessoas — penso eu — só não penduram um carro no pescoço, porque não aguentam carregar, mas o restante é ostentação para todo lado e em todos os níveis.
Você já parou para pensar que isso pode acontecer também na nossa realidade espiritual, na nossa realidade como cristãos? Porque a ostentação, na forma de viver a nossa espiritualidade, pode nos levar a também cair neste risco de ostentar a nossa espiritualidade — as minhas devoções, as minhas práticas piedosas —, não nos enganemos, porque tem muita gente na Igreja seguindo o modismo da ostentação. É claro, muitas delas, talvez, na inocência, mas muitos são conscientes e fazem de forma conscientes, porque não purificam a sua forma de se relacionar com Deus.
É como aquela vasilhinha que tinha na porta da casa dos judeus e a pessoa precisava purificar os pés antes de entrar na casa. Precisamos, muitas vezes, passar por uma purificação, porque são tantas coisas que temos contato, que trazemos para o nosso ambiente religioso, mentalidades que são profundamente pagãs.
O Reino pertence ao Senhor, e está semeado nas simplicidades da nossa vida
Se o Reino de Deus, então, não é ostentação, quer dizer que ele é algo familiar, é algo bem sutil e bem comum do nosso dia a dia, e aí está o problema. Porque gostamos de coisas que chamam a atenção, temos dificuldade com coisas familiares, temos dificuldade com o cotidiano, com coisas simples, e Jesus nos ensinou isso.
Jesus era tão comum no meio do Seu povo de Nazaré, que ninguém se deu conta de que estava convivendo com o Filho de Deus — “Mas o filho do carpinteiro” — não era assim que eles diziam? “Aquele moço que, de vez em quando, fala na sinagoga, prega a Palavra”, pois é, era Ele; e Jesus não ostentava nada.
O Reino de Deus entra na nossa normalidade, nas coisas desta terra. Não o busque nas emoções extraordinárias, celestiais e arrepiantes. Muito cuidado, você pode se infantilizar até o ponto de ficar feito uma “barata tonta”, correndo atrás das indicações que existem por aí: “O Reino de Deus está ali. O Reino de Deus está aqui”, e não nos firmamos em Deus.
O Reino de Deus, não nos esqueçamos, é de Deus, por isso ninguém pode valer-se do direito de tentar manipulá-lo, pois ele pertence ao Senhor, mas está semeado no nosso meio, nas coisas cotidianas e nas simplicidades da nossa vida.
Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!