“Então ele perguntou: ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ Pedro respondeu: ‘Tu és o Messias’. Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo. Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás!” Tu não pensas como Deus, e sim como os homens” (Marcos 8,29-33).
De uma pergunta inocente, nasce uma profissão de fé tão sintética, mas tão eficaz: “Tu és o Cristo”, a pergunta de Jesus parecia inocente, mas consegue retirar do coração de Pedro essa profissão de fé tão forte.
Às vezes, temos as nossas manifestações de fé — que são tão longas —, fazemos muitas orações, mas, muitas vezes, tão mecânicas, tão complexas, tão desconectadas da nossa vida; repetimos frases que nem conectamos o nosso coração com elas. Essa resposta tão sintética de Pedro nos ensina muito: às vezes, as coisas mais simples são as mais profundas; às vezes, nós precisamos um pouco mais de simplicidade na nossa forma de manifestar a nossa fé, não é uma crítica contra nenhuma manifestação de fé de nenhum tipo, mas que ela nunca seja mecânica, que ela nunca seja separada da nossa vida, porque o Verbo Divino se fez carne.
Algumas manifestações de fé nasceram da mediação de alguém, ou alguma situação, e são tão fortes que nos revelam a pessoa de Jesus. Certamente, na vida de Pedro existiu o seu irmão que apresentou Jesus a ele. Na nossa vida também, a pessoa de Jesus, talvez, foi descoberta pelo nosso coração através da mediação de alguém; e isso foi tão marcante que, até hoje, nós conseguimos ter memória desse fato.
Temos as nossas manifestações de fé, fazemos muitas orações, mas, muitas vezes, tão mecânicas
Não basta fazer a própria profissão de fé para dizer que eu pertenço a Cristo. Jesus mesmo deu, logo após a profissão de Pedro, o complemento daquilo que é a vida de um discípulo: sofrer e ser rejeitado, morto e ressuscitado. Existe um complemento e, muitas vezes, nos esquecemos dessa parte, dizer: “Tu és o Cristo, o filho de Deus”, comporta também dizer que Ele foi morto, ressuscitado, sofreu e padeceu. Nós também somos chamados a fazer esse mesmo itinerário.
A lógica mundana nos lábios de Pedro demonstra a nossa incapacidade de aceitar a cruz: “Longe disso, Senhor. Que isso nunca te aconteça”. Se amar é dar à vida, essa é a lógica de Jesus; a lógica totalmente contrária à lógica do mundo, que quer poupar os esforços, que quer poupar a própria vida, por isso, Jesus precisou exorcizar o coração de Pedro contra satanás, que quer se apoderar da vida dos filhos de Deus. Jesus precisou expulsar do coração de Pedro aquela mentalidade diabólica de rejeitar os sofrimentos, as tribulações e as lutas como parte também de um caminho de santificação e de salvação.
Acolhamos o Senhor neste dia de hoje, acolhamos a Sua Palavra e peçamos que Ele também exorcize o nosso coração, para que a nossa profissão de fé: “Tu és o Cristo, o filho de Deus”, também se complemente nas dores e nos sofrimentos da nossa vida presente.
Sobre todos vós, a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!