27 Feb 2010

Sede perfeitos como o vosso Pai celestial

Existe uma frase de São João da Cruz que diz: “Onde não há amor, coloque amor e obterás amor.” Numa outra ocasião, o nosso saudoso Papa João Paulo II afirma que em uma realidade na qual o que reina é o ódio, a única realidade a transformar tal situação é a vivência do amor; se não for esse sentimento nobre a situação retornará com força maior.

A liturgia, para nós, hoje, nos quer chamar a atenção diante daquelas realidades de ódio, de perseguição, de inimizades que nos assolam. O que fazer com isso? Qual procedimento devemos tomar? Se respondermos com a mesma moeda não nos diferenciamos dos pagãos; mas se respondemos as adversidades com amor, aí está o mais profundo sentido do Cristianismo: o amor concreto como resposta ao desamor.

Atrás deste “fazer o bem aos que nos fazem mal” está um objetivo muito grande no Coração de Deus; Ele tem desejo de curar estas pessoas que nos fazem mal por meio do amor que somos chamados a depositar e derramar sobre elas. Nunca me esqueço da história de uma mulher que estava casada havia alguns anos. Passado algum tempo, seu esposo desenvolveu um problema seriíssimo de alcoolismo. Este homem, após sua conversão, testemunha que sempre quando bebia e ao voltar para casa fazia de tudo para a esposa brigar com ele, de modo que encontrasse motivo de também brigar e poder retornar ao vício, saindo de casa. E uma coisa sempre desconcertava aquele homem: o amor da esposa.

Quando ele vinha, naquele estado de embriaguez, para dentro de casa, a esposa, muito antes, já sabia do estado no qual ele chegaria em casa. Ela, na firme decisão de amar e não se revoltar, frente a uma pessoa que lhe fazia mal, preparava a mesa com a comida preferida dele. Ela relata que, muitas vezes, a faca que cortava a carne para o jantar, ela queria, na verdade, cortar era o seu esposo; mas nesse momento ela pensava consigo: “Ou eu o amo e transformo esta situação ou a situação ficará de mal a pior.” Sempre resolveu amar. Ela preparava a mesa do jantar com a comida que ele mais gostava, tomava um banho e ficava toda linda para receber seu esposo – não merecedor, humanamente falando. Fazia tudo chorando, muitas vezes, eram lágrimas com sangue.

Quando ele chegava em casa, sua consciência era invadida de arrependimento e remorso. Pensava consigo o que estava fazendo, pois quanto mais mal fazia a ela, mais era amado pela esposa. Ele dizia ter que dar uma resposta diferente, uma resposta à altura, uma resposta de amor. Com isso, dentro de pouco tempo, suplicou ajuda, pediu perdão e retomou sua vida, pois não conseguia permanecer mais naquela realidade de desamor para com a sua família, visto o amor que recebia de cada um deles, a começar pela esposa que o amava de verdade. O mais lindo disso tudo é que essa não é mais uma estória, mas uma história: real, experienciada, que Deus quer fazer acontecer na vida de cada um de nós.

Amar é decisão! Ou amamos ou não seremos cristãos. O amor está intrinsecamente relacionado com o acolhimento. Acolher é trazer o outro para dentro do nosso coração; amar é acolher o outro a partir daquilo que ele tem de pior! Acolher o outro a partir daquilo que ele tem de melhor é conveniente, bom, fácil; puxa-saquismo, na verdade…! Agora, amar o outro a partir daquilo que ele tem de pior é amor de verdade. Entendendo que amar não significa concordar com o erro do outro, diga-se de passagem.

Se fizermos o bem somente àqueles que nos querem bem, que recompensa teremos? Os pagãos também fazem isso. Atitude de cristão é bem diferente. A solução para todas as coisas na nossa vida encontra-se no amor; no amor-entrega, no amor-comprometimento, no amor-doação, no amor-sacrifício… Amor interesseiro, descomprometido, pegajoso, é tudo, menos amor.

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

Pai das Misericórdias

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