04 Jul 2010

São Pedro e São Paulo*

Popularmente, a festa de hoje é chamada o “Dia do Papa”, Sucessor de Pedro. Mas não podemos esquecer que ao lado de Pedro é celebrada também a festa de Paulo, o Apóstolo, ou seja, missionário, por excelência.

No Evangelho, o apóstolo Simão responde pela fé de seus irmãos. Por isso, Jesus lhe dá o nome de Pedro. Este nome é uma vocação: Simão deve ser a “pedra” (rocha), que deve dar solidez à comunidade de  Cristo. Esta “nomeação” vai acompanhada de uma promessa: as “portas” (cidade, reino) do inferno não poderão nada contra a Igreja, que é uma realização do Reino “dos Céus”. A 1ª leitura ilustra essa promessa: Pedro é libertado da prisão pelo anjo do Senhor. O apóstolo aparece, assim, como o fundamento institucional da Igreja.

Paulo aparece mais na qualidade de fundador carismático. Sua vocação se dá na visão de Cristo no caminho de Damasco: de perseguidor, ele se transforma em apóstolo e realiza, mais do que os outros apóstolos inclusive, a missão que Cristo lhes deixou: serem Suas testemunhas até os extremos da terra. Apóstolo dos pagãos, Paulo torna realidade a universalidade da Igreja, da qual Pedro é o guardião. A 2ª leitura é o resumo de sua vida de plena dedicação à evangelização entre os pagãos, nas circunstâncias mais difíceis: a Palavra tinha que ser ouvida por todas as nações. Não esconder a luz de Cristo para ninguém! O mundo em que Paulo se movimentava estava dividido entre a religiosidade rígida dos judeus farisaicos e o mundo pagão, cambaleando entre a dissolução moral e o fanatismo religioso. Neste contexto, o apóstolo dos gentios anunciou o Cristo Crucificado como sendo a salvação: loucura para os gregos, escândalo para os judeus, mas alegria verdadeira para quem n’Ele crê. Missão difícil. No fim de sua vida, Paulo pôde dizer que “combateu o bom combate e conservou a fé/fidelidade”, a sua e a dos fiéis que ele conquistou.

Como Cristo – o Bom Pastor – não deixa as ovelhas se perderem, assim também o apóstolo – o enviado de Cristo – conserva-lhes a fidelidade.

Pedro e Paulo representam duas dimensões da vocação apostólica, diferentes, mas complementares. As duas foram necessárias para que pudéssemos comemorar hoje os fundadores da Igreja universal. Essa complementaridade dos carismas dos dois grandes apóstolos continua atual na Igreja de hoje: a responsabilidade institucional e a criatividade missionária. Hoje, sabemos que o pastoreio dos fiéis – a pastoral – não é uma função somente dos pastores constituídos como tais. Todos os fiéis são um pouco pastores uns para com os outros. Devemos conservar a fidelidade a Cristo – a nossa e a dos nossos irmãos – na solidariedade do “bom combate”.

E qual será, hoje, o bom combate? Como no tempo de Pedro e Paulo, uma luta pela justiça e  pela verdade em meio a abusos, contradições e deformações. Por um lado, a exploração desavergonhada, que, muitas vezes, até se serve dos símbolos da nossa religião; por outro, a tentação de largar tudo e de dizer que a religião é um obstáculo para a libertação. Nossa luta é, precisamente, assumir a libertação em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo fiéis a Ele; pois, na Sua morte, Ele realizou a solidariedade mais radical que podemos imaginar.

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

*Cf. Konings, J. “Liturgia Dominical”, p.490. Ed. Vozes. Petrópolis RJ: 2004.

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