“Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico. Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas. Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão, com Lázaro ao seu lado. Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim!’” (Lucas 16,19-24).
É uma Palavra muito forte, é um tema também proposto por esse tempo quaresmal: compreender que a nossa vida, um dia, terá um fim. Um dia cada um de nós também vai prestar conta da própria existência diante de Deus. Por isso, precisamos viver bem o tempo de hoje, por isso, precisamos acolher Jesus Cristo escondido no pobre, no faminto, no sedento, naquele que está injustiçado, no preso, no doente. É bom já aprender desde agora a reconhecer a presença de Jesus nessas realidades!
A Palavra diz que um dos personagens é rico, não fala o nome dele, e isso não está aqui à toa, porque rico é o “nome” dessa pessoa. Quando algo neste mundo toma o lugar da minha identidade, ela passa a ser aquilo que eu tenho porque essa pessoa se identificou com as suas riquezas, não tinha mais o nome, ela perdeu a sua identidade porque imaginava que ela era o que tinha. E, ao contrário, o pobre não tem nada, mas ele preserva o seu ser, ele se chama Lázaro. Apesar de ter vivido na miséria, essa miséria material, ele não perdeu a sua dignidade de filho de Deus. Chama-se Lázaro e é destinatário da misericórdia do Senhor.
Precisamos aprender desde agora a reconhecer a presença de Jesus na vida dos nossos irmãos
Certamente, levaremos para a eternidade aquilo que somos, e não aquilo que temos. Ainda não vi nenhum caixão com bens materiais, com dinheiro, com carro, com casa. Levamos para eternidade aquilo que nós somos, como nós escolhemos viver hoje seguindo os valores do Evangelho, seguindo aquilo que o Senhor nos orienta.
Por que desse tormento? Na verdade, o tormento é a solidão de não ter ninguém nem a si mesmo. O tormento daquele rico é estar sozinho, consigo mesmo. Ele também não era capaz de suportar porque ele pensava, unicamente e exclusivamente, nas riquezas, não se pensava no outro. Essa é uma experiência certamente de inferno, a solidão é uma experiência infernal! Então, esse tormento marca isso, por isso, precisamos aprender desde agora — repito: reconhecer a presença de Jesus na vida dos nossos irmãos.
O Evangelho diz que o pobre foi levado pelos anjos. Existe uma continuidade da sua existência terrena na eternidade porque ele vai colher o que plantou. O Evangelho diz: “O rico foi enterrado”; o coração dele estava aqui, nesta Terra, o coração dele não estava na eternidade, isso diz muito para nós.
Vivemos no tempo presente, com as realidades do tempo presente, mas o coração precisa estar em Deus, nas coisas do Alto, voltado para as coisas do Alto, nos desprender das coisas da Terra para nos apegar às coisas de Deus.
Que a graça do Senhor nos ajude, neste tempo quaresmal, a nos libertar de todos os nossos apegos e a viver exclusivamente de Deus!
Sobre todos vós, a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!