06 Mar 2017

Pratiquemos a piedade com quem mais precisa

Pratiquemos a piedade com quem mais precisa dela, com aqueles que mais sofrem

“Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa” (Mateus 25,35).

As obras de misericórdias corporais devem estar sempre presentes em nossa vida. É impossível ser cristão de verdade sem praticá-las. Deixe-me lhe dizer uma coisa: você pode até ser místico, ser uma pessoa contemplativa, que reza o dia inteiro, vive na presença de Deus, tem o coração voltado para Ele, mas se não cuida de Deus que está na pessoa do próximo, seu culto é limitado, a sua visão de fé, de seguidor de Jesus é muito limitada.

Pode ser que, para a religião judaica antiga, o culto a Deus sobressaísse a todas as coisas, mas o culto a Ele se entende no sentido de sairmos do culto, da adoração que fazemos e cuidar de Deus na pessoa do meu próximo. Não podemos ter uma espiritualidade, uma mística cristã fria, indiferente ao sofrimento dos outros.  

Não posso dizer: “Esse problema não é meu, é do Governo”. Os governantes devem e precisam fazer a sua parte, mas cabe nós cuidar daquele que está próximo a nós. Quando alguém bate à nossa porta, porque está com fome, devemos fazer algo para atender, cuidar da nossa fome.

Talvez existam soluções mais práticas que não exigem o nosso compromisso, como dar um dinheiro para alguém, que resolve. Não é verdade! Você sabe que, muitas vezes, damos o dinheiro e este acaba sendo mal usado. Se a pessoa precisa, de fato, se ela tem fome, e do alimento que precisa para ser saciada; se ela tem sede, é de água que precisa para saciar-se. Se ela não tem roupa, precisa de roupa para vestir-se.  Se a pessoa está num alento, não tem onde dormir, precisa de um canto; se a pessoa está na prisão, precisa ser visitada. Se alguém está enfermo, precisa da nossa presença.

Eu me preocupo quando a nossa espiritualidade nos leva a termos muitos compromissos na Igreja, reuniões, adorações, mas não vivemos práticas concretas, não vamos à missão, ao campo, não cuidamos das necessidades de um mundo que está sofrendo, padecendo.

Por favor, não resuma a sua Quaresma a oração e jejum; além disso, dê esmola. Quando falo de esmola, não me refiro a tirar um pouquinho do que se tem e dar uma “esmolinha” para o outro. Infelizmente, na nossa cultura ocidental, esmola tornou-se algo pejorativo, quando, na verdade, o significado da esmola é caridade, é agir com caritas, é ter o coração de Deus para cuidar do outro.

“Eu já cuido do meus filhos!” É preciso cuidar também dos mais sofridos, dos mais necessitados, de quem passa fome, necessidade. Você não precisa perguntar onde estão essas pessoas, elas nos cercam por todos os lados da vida.

Muitas vezes, são os nossos vizinhos, os próximos a nós. Precisamos ter uma espiritualidade cristã que seja prática, porque é isso que vai ser o ponto do nosso julgamento. O Senhor não vai perguntar quantos terços você rezou por dia, quantas vezes você foi na adoração.

Por que, então, precisamos rezar o terço, ir à adoração, à Missa? Para convertermos nosso coração, para cuidarmos dos outros, pois se nos dedicamos a todas essas práticas oracionais, mas continuamos fechados, cuidando só das nossas coisas, essas práticas devocionais nos fazem pessoas centradas em nós mesmos, egoístas, pensando nas nossas coisas, no nosso mundo, nos filhos, nas nossas coisinhas, nos negócios, na conta bancária, no dinheiro que não entrou, na conta que não foi paga.

Desculpe-me, mas não podemos viver de forma egoísta, porque, no dia do julgamento, todas essas coisas morrem: a conta que você não pagou, o dinheiro que você não acumulou… Tudo cai por terra! Mas o que não cai é a caridade, é o amor que praticamos pelo outro. Jesus, onde o Senhor estava?

Eu estava no faminto, no sedento, no estrangeiro, no doente, no enfermo e no preso. Ou seja, Jesus está ao nosso lado em todos aqueles que estão sofrendo. É muito fácil e bom buscar Jesus no sacrário, Ele está ali acalentando o nosso ego! É preciso sair do sacrário e buscá-Lo na ruas, nos sofredores, nos que necessitam tanto do nosso cuidado, inclusive material.

Sejamos práticos e não vivamos simplesmente uma fé de atos piedosos. Pratiquemos a piedade com quem precisa ser praticada, com aqueles que mais sofrem, é isso que vai ser o termo do nosso julgamento.

Deus abençoe você!

Pai das Misericórdias

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