“Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então, contou-lhes uma parábola: ‘Quando fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então, ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar. Mas, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar’.” (Lucas 14,1-10).

Meus irmãos e minhas irmãs, parece que o Evangelho de hoje quer nos dar uma aula de etiqueta; parece que Jesus está nos ensinando como nos comportar nas festas, mas é muito mais do que isso. O problema de fundo, aqui, não é ocupar os primeiros lugares, e sim entender qual é a lógica de Deus — que não considera os primeiros lugares os melhores lugares.

Deus prefere um coração humilde, que pensa no primeiro lugar para o outro, ou seja, que é capaz de esquecer de si e pensar primeiramente no outro, fazendo o bem ao outro, olhando a necessidade do outro.

Por isso, a humildade evangélica é a libertação do apego ao nosso próprio eu, a pensar no nosso próprio umbigo, nas nossas necessidades e nos nossos próprios interesses. Tem uma canção antiga que diz assim: “Quando Jesus passar, eu quero estar no meu lugar”, essa verdade está muito bem alinhada com o Evangelho de hoje.

Faça desse lugar — não importa se é o primeiro ou o último —, uma oportunidade para servir os outros

Porque estar no lugar, que me é devido, é estar no lugar onde Deus me plantou; e fazer desse lugar — não importa se é o primeiro ou o último —, uma oportunidade para servir os outros e não me servir do meu lugar para usurpar do outro alguma coisa, valendo-me dos meus próprios interesses, a minha posição social, a minha função, a minha função de comando, a minha autoridade. Tudo isso podemos ver nas nossas realidades cotidianas e nos nossos relacionamentos.

Quem ocupa um determinado lugar — não importa se esse é o primeiro ou o último —, ocupe esse lugar e sirva os irmãos porque esse lugar foi dado por Deus.

Os fariseus, diz a Palavra do Evangelho, observavam Jesus; e Ele notava os fariseus. O olhar farisaico é aquele olhar superficial e condenatório. Quando, muitas vezes, vemos alguém que ocupa uma posição de destaque, o nosso olhar é muito superficial porque aquela pessoa não é o lugar que ela ocupa, ela é muito mais do que isso.

Jesus, com o seu olhar, é profundo e provoca conversão, tanto que, observando aquela realidade, a Palavra de Jesus provoca conversão, não para humilhar ninguém, não para tirar ninguém do seu lugar, e sim para fazer com que as pessoas reconheçam que aquele lugar é um lugar de serviço e não um lugar de destaque apenas.

Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!