08 Mar 2010

O ungido do Senhor*

Na primeira leitura narra-se a cura do leproso Naamã, general do exército do rei da Síria. Depois de se lavar sete vezes no rio Jordão, por indicação do profeta Eliseu, ficou completamente curado da lepra. Embora ao princípio tenha se mostrado indignado, ao ver-se curado proclamou o Senhor como único Deus de Israel. No Evangelho de hoje, sublinha Jesus que Naamã não era judeu, mas pagão; o que não foi obstáculo para alcançar o favor de Deus por meio do seu profeta.

Como Eliseu e como Elias, Jesus Cristo sabe que é enviado não só aos judeus, mas a todos os homens para os salvar. Afirmar isso na sinagoga de Nazaré despertou a ira dos seus conterrâneos, que tentaram atirá-lo por um despenhadeiro sem o conseguirem. Estava-se verificando à letra a afirmação inicial de Jesus: “asseguro-vos que nenhum profeta é bem visto em sua terra”, com a qual respondia à pergunta que, com desconfiança, faziam sobre Ele: “Não é este o filho de José?”

Os conterrâneos de Cristo, e de igual modo o resto dos judeus, estavam convencidos de que a salvação de Deus era monopólio judeu; as nações pagãs ficavam excluídas. Deus era hebreu segundo eles. E Jesus vem dizer que eles estão equivocados, porque o Todo-poderoso tem horizontes mais amplos. A redenção de Cristo é para todos os homens e povos, raças e nações. Se tivessem aprendido a lição da história, por exemplo, a atuação dos profetas Elias e Eliseu como pagãos, como a viúva de Sarepta, o primeiro, e Naamã o sírio, o segundo, entenderiam que Deus se dá a todo o homem e mulher que procuram o bem e a verdade.

O Evangelho de hoje, tirado de Lucas, mostra já desde o princípio o protagonista do Espírito na pessoa, vida e ministério apostólico de Jesus. É o Espírito que intervém destacadamente na encarnação e batismo de Cristo e quem O unge no começo da Sua atividade profética. Por isso, na sinagoga de Nazaré Jesus se autoaplica o texto do profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu: enviou-me para dar a boa notícia aos pobres, para anunciar aos cativos a liberdade e aos cegos a vista, para dar liberdade aos oprimidos, para anunciar o ano da graça do Senhor […]. Hoje cumpre-se esta Escritura que acabais de ouvir”.

Também nós cristãos fomos ungidos pelo Espírito no batismo e na confirmação para testemunhar e continuar a missão libertadora de Cristo. Se não queremos deixar apagar o Espírito de Jesus em nós e na nossa comunidade, temos de comprometer-nos na luta pelos mais pobres e débeis, segundo o programa de Cristo na sinagoga de Nazaré. Mas temos de fazê-lo com o mesmo amor com que o fazia Jesus. Pois não podemos implantar a justiça nas estruturas sociais sem estarmos nós mesmos convertidos, isto é, sem o amor e a força do Espírito de Deus, que nos liberta interiormente.

Incumbe-nos uma árdua e desafiante tarefa de conversão, oração, louvor a Deus e amor aos irmãos. Esse foi o caminho e o estilo de Jesus, e não há outro que nos valha.

Padre Pacheco,

Comunidade Canção Nova.

*Cf. B, CABALLERO. A Palavra de cada dia. p. 127-128. Paulus: 2000.

Pai das Misericórdias

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