“Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: ‘Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico. Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas. Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado’” (Lucas 16, 19-22).
Esse Evangelho de hoje, meus irmãos, nos faz ter a atenção sobre o nosso relacionamento com os bens materiais e a atenção e o cuidado com os mais necessitados.
Vejam: uma pessoa se torna rica aos olhos do mundo quando a sua identidade se confunde com o que ela tem, quando você passa a nomear aquela pessoa não por aquilo que ela é, e sim por aquilo que ela tem. O Evangelho diz que havia um rico — não fala o nome dessa pessoa —, ele era aquilo que possuía. É como se a riqueza tivesse tomado o lugar da sua identidade: as roupas finas, as festas esplêndidas camuflaram o seu coração, camuflaram quem ele era de verdade na sua essência.
Que perigo! O rico estava muito bem na sua vida cômoda, muito bem de vida, mas doente na alma. A indiferença é a pior doença da nossa alma, a indiferença ao sofrimento do outro, à necessidade do outro.
O tormento que o Evangelho fala é justamente a perda do nosso ser, a perda da nossa identidade
Agora, o contrário, o pobre não tem nada, mas ele preserva o seu nome — chama-se Lázaro. Deus teve compaixão, Deus teve misericórdia! Um dia, nós vamos também nos apresentar diante de Deus, deixando tudo que temos para trás, só com aquilo que nós somos. E, agora, como será esse momento? Se eu vivi a minha vida e perdi aquilo que eu sou, não vai restar nada. O tormento que o Evangelho fala é justamente a perda do nosso ser, a perda da nossa identidade.
O pobre Lázaro, agora, experimenta a plenitude do seu ser, e a Palavra de Deus diz: “Os anjos o levaram para junto de Abraão”, que significa: para junto de Deus, a razão do seu ser, o seu tudo, o sustento da sua existência, a referência da sua identidade. O pobre Lázaro vai para Deus.
O rico, infelizmente, experimenta um fim completo. A Palavra diz: “ele foi enterrado”. Quem nasceu para ser enterrado? Nós nascemos de Deus, n’Ele nós nos movemos, somos e devemos voltar para Ele. Nós não somos destinados a ficar debaixo da cova, debaixo da terra, nós somos destinados para Deus. Por isso, uma vida vivida sem Deus termina debaixo da terra, mas uma vida com Deus nunca acabará, e sim viverá para sempre.
Aprendamos a fazer escolhas definitivas, nesta terra, que é transitória, a fim de, um dia, desfrutarmos da alegria que nunca se esgota, que nunca tem fim. Então, hoje, peçamos a Nosso Senhor para converter o nosso coração, que transforme o nosso coração para ajudar-nos a fazer boas escolhas, para que, um dia, contemplemos Deus face a face.
Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!