21 Jun 2010

O cisco no olho alheio*

Não devemos julgar e condenar os outros por muitas razões, entre outras por estas três:

1ª – O julgamento pertence a Deus e não a nós, porque só Deus conhece a fundo o coração do homem. Constituir-se juiz dos outros é uma ousadia irresponsável. O Todo-poderoso aceita-nos e ama todos tal como somos. E olha-nos com amor de Pai que dissimula as faltas dos filhos, aos quais vê através do Seu próprio Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Se anteriormente, ao longo do discurso da montanha, Jesus falou do perdão das ofertas e do amor inclusivamente ao inimigo, para tentar aproximar-nos ao menos um pouco da perfeição de Deus, agora está apontando à imitação da Sua misericórdia. Como diz o livro da Sabedoria, o Altíssimo compadece-se de todos e corrige os que caem para que se convertam e acreditem n’Ele.

2ª – A medida que usarmos com os outros usá-la-ão conosco. Isso não quer dizer que Deus Pai – a quem não se menciona no texto por respeito – nos julgará com a nossa medida injusta e impiedosa. Esse não é o  modo do Senhor proceder. Mas certamente quem age assim com os outros expõe-se a um julgamento mais severo para si mesmo.

Deus teria, digamos, duas medidas para o Seu julgamento: uma de justiça, outra de misericórdia. Ele medir-nos-á com aquela que nós utilizarmos com os irmãos. É a mesma lição da parábola do devedor insolvente, que é perdoado e não perdoa, ou a contida na petição do Pai-nosso: “Perdoa as nossas ofensas…  O que condena o irmão autoexclui-se do perdão de Deus e cai sob a jurisdição da lei, que não deixará de o acusar e condenar como imperfeito que é.

3ª – Todos somos imperfeitos, tanto e mais que os outros, ainda que, julgando-os com superioridade, os desprezemos. Tal atitude, desprovida de amor, provém da nossa própria cegueira, que nos impede de ver os nossos defeitos. Manter conscientemente tal postura é hipocrisia astuta, cujo modelo no Evangelho são  os escribas e os fariseus.

É muito velho o costume de criticar os outros; assim pensamos justificar-nos a nós como melhores. Mas a experiência demonstra que os mais críticos, os que julgam ser perfeitos, saber tudo e ter a melhor solução para qualquer problema, costumam ser os que menos fazem e levam aos outros.

Um olhar ao espelho, uma vista de olhos à nossa pequenez e insignificância, à nossa “trave” no olho, minimizará, sem dúvida, as falhas do outros e far-nos-á mais tolerantes e acolhedores, pensando que os outros também têm que suportar-nos a nós. Conhecer as nossas próprias limitações, admiti-las e aleitá-las ensinar-nos-á a saber estar e viver com os outros. Assim caminharemos em verdade e simplicidade em ânimo de companheirismo, tolerância e compreensão para com os outros sem os condenar.

Se Deus é otimista a respeito do homem e o ama apesar de tudo, o discípulo de Cristo há de fazer o mesmo em relação aos seus irmãos. Este é um caminho mais seguro para a realização e a felicidade pessoal do que o engano da presunção.

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

*Cf. B, CABALLERO. A Palavra de cada dia; p. 395-396. Paulus: 2000.

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