07 Mar 2023

Não ostente a sua religiosidade, e sim a sustente

“Naquele tempo, Jesus falou às multidões e aos seus discípulos e lhes disse: ‘Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas. Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de mestre.’” (Lucas 1, 1;5-7)

Meus irmãos e minhas irmãs, o Evangelho de hoje nos traz a realidade sobre a vivência cristã, a vivência religiosa, a nossa religiosidade. E, muitas vezes, Jesus teve de defrontar, teve de travar duros embates contra o perigo da exterioridade, a falta da interioridade, a incoerência dos religiosos do seu tempo, que diziam uma coisa, mas viviam outra completamente diferente.

Eu penso que o ditado popular mais vergonhoso para um cristão é aquele famoso: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, ou seja, “Admire as minhas palavras, mas feche os olhos às minhas obras”; “Aplauda aos meus discursos, mas se envergonhe do meu modo de proceder”— seria terrível para nós, cristãos, viver uma incoerência, viver distantes do Evangelho na prática, no cotidiano da nossa vida, dos nossos relacionamentos. 

As pessoas não precisam de ostentação, mas precisam de ver justamente o sustento da nossa espiritualidade

Existe um mal que assola o coração de todo cristão, não apenas dos padres e pregadores, mas de todos os batizados: o mal de ser mestres da vida alheia, conselheiros admiráveis, especialistas em indicar atalhos, mas sem a ferramenta principal, que é a conversão pessoal, o testemunho de vida — eu sei dizer para o outro o que ele deve ou não fazer, mas, muitas vezes, não indico para o meu coração um caminho de conversão de mudança de vida; não proponho a mim mesmo uma mudança radical, uma tomada de atitude. 

Nós estamos falando do mal da incoerência: exigentes e intransigentes com a vida do outro, mas complacentes e coniventes com o nosso próprio jeito de viver. Nós somos assim: exigimos do outro o máximo de rigor, a máxima exigência; e já para nós a máxima misericórdia, a máxima complacência. 

Somos todos, hoje, chamados a fazer um bom exame de consciência, a partir destas exortações do Evangelho: fazer para aparecer; estampar a Palavra de Deus nas roupas, mas não no coração; “hábito de santo, mas hábitos de pagão” — é o trocadilho aqui das palavras —, o gosto pelas honrarias humanas etc. 

É preciso purificar tudo isso dentro de nós, pois o que conta, no final, é a relação que nós vivemos com Deus, por isso, não ostente a sua espiritualidade, a sua religiosidade, mas a sustente até o fim, seja fiel e perseverante. As pessoas não precisam de ostentação, mas precisam de ver justamente o sustento da nossa espiritualidade, da nossa religiosidade, para que elas também creiam que Jesus Cristo é o Senhor. 

Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!

Pai das Misericórdias

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