“Naquele tempo, Pedro virou-se e viu atrás de si aquele outro discípulo que Jesus amava, o mesmo que se reclinara sobre o peito de Jesus durante a ceia e lhe perguntara: ‘Senhor, quem é que te vai entregar?’. Quando Pedro viu aquele discípulo, perguntou a Jesus: ‘Senhor, o que vai ser deste?’” (João 21,20-21).
Veja, meus irmãos e minhas irmãs, a curiosidade de Pedro — curiosidade essa que, muitas vezes, está presente dentro de mim e de você. Quando olhamos para a figura de Pedro, em alguns momentos, temos alguma repulsa aos seus comportamentos, muitas vezes nos alegramos, espantamo-nos, maravilhamo-nos com alguns comportamentos de Pedro, com as suas falas, mas, na verdade, Pedro está dentro de cada um de nós.
Também trazemos cinquenta por cento dessas realidades: luzes e trevas; perfeição e imperfeição; santidade e pecado. Encontramos, dentro de nós, essas realidades, coisas tão preciosas, coisas lindas e maravilhosas que Deus faz na nossa vida. Mas, muitas vezes, encontramos tantos comportamentos infantis, tantos comportamentos pecaminosos, tanta imaturidade no nosso coração. Mas o Senhor caminha conosco, assim como fez com Pedro.
A Palavra diz que Pedro viu João, e ele foi tentado a colocar os olhos na vida e no destino de João. Pedro foi tentado justamente com aquele mal que, muitas vezes, quer opinar na vida do outro; quer, muitas vezes, dar regras e dizer o que fazer, mas para o outro, não para si mesmo. Aquele mal — digamos assim — que vivemos há muitos anos: o mal de espiar a vida do outro. “É só uma espiadinha, não tem nada de mal”. Enquanto isso, esquece-se da própria vida. “É só uma fofoquinha”, “É só um comentário”, mas isso é tão terrível na nossa vida cristã, na nossa vida moral, porque vamos nos esquecendo das nossas imperfeições e vamos cuidar da vida do outro. Isso é terrível!
Jesus, na força da Sua ternura e do Seu amor, quer converter o meu e o seu coração
Esse mal Jesus quis expulsar do coração de Pedro, tanto é que a sua resposta é: “A ti, o que te importa?”. “A você somente, segue-me”, é o segmento e mais nada. A Pedro só bastava seguir Jesus e não pensar sobre a vida de João. Da vida de João se ocuparia Jesus, mas a vida de Pedro era ele quem tinha que tomar nas mãos, a sua vida e o seu destino.
Aqui temos, mais ou menos como pano de fundo, aquela ferida lá de trás, de Caim e Abel, quando Caim colocou os olhos da inveja na oferta do seu irmão Abel, e esqueceu-se de colocar-se diante de Deus aos olhos d’Ele.
A ferida do ciúme, a ferida da inveja, aquela ferida terrível da comparação, de nos compararmos uns com os outros. Mas qual é a cura para essa ferida? Seguir Jesus, estar perto d’Ele, buscar a santidade, deixar que a graça e a obra de Deus aconteçam, em primeiro lugar, aqui dentro, para que essas sementes do mal plantadas no nosso coração da inveja, do ciúme e da comparação não nos levem a criticar os nossos irmãos, a colocar os olhos sobre a vida dos nossos irmãos e esquecer de nós, a comentários maliciosos contra os nossos irmãos. Hipocrisia falar mal dos nossos irmãos pelas costas.
Usamos uma palavra muito interessante hoje: “detonar”. Detonar a pessoa, como se detona uma bomba, é, justamente, atrapalhar a vida do outro semeando a discórdia. Isso precisa ser expulso dos nosso coração.
Jesus, na força da Sua Palavra, na força da Sua ternura e do Seu amor, quer converter o meu e o seu coração para que nos ocupemos muito mais da nossa própria vida, do nosso caminho, e deixemos que da vida do outro se ocupe Deus, ocupe-se nosso Senhor.
Sobre todos vós, a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!