“Naquele tempo, dois homens subiram ao Templo para rezar: um era fariseu, o outro cobrador de impostos. O fariseu, de pé, rezava assim em seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda’. O cobrador de impostos, porém, ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!’. Eu vos digo: ‘Este último voltou para casa justificado, e o outro não’.” (Lucas 18, 10-14)
Meus irmãos e minhas irmãs, dentro da proposta quaresmal, vez ou outra, nós nos deparamos com os temas centrais: a esmola, o jejum e a oração. Hoje, o texto toca a realidade da oração.
Existem algumas coincidências, aqui, no texto: mesmo gênero — são dois homens —; o mesmo movimento — eles subiram —; mesmo lugar — o templo —; mesmo objetivo — para rezar. Mas, depois dessas coincidências, começam as cisões, as separações e, muitas vezes, infelizmente, é na casa de Deus que começam as divisões. Mas muito cuidado! Não canonizemos e nem demonizemos nem um nem outro, nem o fariseu e nem o cobrador de impostos.
O fariseu tem uma postura, uma posição corporal nota 10, mas é uma oração intimista porque ele rezava consigo mesmo, a vanglória ou o alto louvor “Eu não sou como os outros”: vejam a qualidade da oração deste fariseu, “Eu não sou como os outros, nem como este cobrador de impostos”. Ele sabia dizer de si, não a partir dele mesmo, mas a partir da fraqueza dos outros, e não a partir dele. E isso é muito importante porque, muitas vezes, nós também nos medimos pelos outros.
A oração não pode ser uma oração orgulhosa, soberba e autossuficiente
Como sofremos desse mal da comparação, do julgamento, de querer ser Deus; de dizer quem é digno e quem não é digno, quem é santo e quem é pecador!
Depois, vem a lista da piedade desse fariseu: “Eu jejuo duas vezes por semana, dou o meu dízimo de toda a minha renda”; do outro lado está o cobrador de impostos, que está à distância, como eu disse: “Não canonize esse cobrador de impostos nem demonize esse fariseu, porque ele está à distância causada por ele mesmo, e não por causa de Deus, e essa distância produz dentro dele esse sentimento ruim.
Vejam, os olhos para baixo, fazia muito tempo que ele não rezava ao Pai do céu, fazia muito tempo que ele não se aproximava de Deus. Mas uma atitude interessante dele: ele batia no peito, ou seja, ele penitenciava o seu coração apegado ao dinheiro, às coisas deste mundo, apesar da sua distância, ele reconhecia o que existia dentro do seu coração.
Então, vem a sua lista. Qual era? Não tinha! Ele não tinha nada, eram só pecados, tinha só pecados a apresentar a Deus; e a sua oração foi: “Senhor, tem piedade de mim, porque eu sou um pecador”. A Palavra diz que esse foi justificado porque ele reconheceu que precisava de Deus, que não bastava a si mesmo. A nossa oração não pode ser uma oração orgulhosa, soberba e autossuficiente, mas precisa ser uma oração de confiança na misericórdia de Deus.
Sobre você, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Heleno Ferreira
Missionário da Comunidade Canção Nova