“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre os justos e injustos. Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mateus 5,43-45.48).
Apoiamo-nos nessa última afirmação: a perfeição, a santidade, a vida realmente configurada à vida de Cristo. Essa é a nossa meta, esse é o nosso objetivo! Por isso que todas as exigências evangélicas, todas as exigências daquilo que é a mensagem do Evangelho só terão força dentro de nós e só terão uma resposta positiva, se nos virmos assim a partir dessa meta: a santidade, o nosso coração semelhante ao coração do Cristo.
Agora, fico imaginando: coitado dos discípulos que escutaram essas palavras tão chocantes e tão fortes! Estamos pegando o eco de dois mil anos dessas afirmações de Jesus, dessas exigências feitas por Jesus: “Vocês ouviram: ‘Amem o próximo e odeie o seu inimigo’. Eu, porém, vos digo: ‘Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem’”.
Dá para entender o pedido de não pagar o mal com o mal, isso é até mais fácil para nós. Mas, agora, pagar com amor quem é nosso inimigo, é muito exigente, é muito difícil! Isso porque precisamos nos libertar daquela lógica, daquele vício da ação-reação. Temos a liberdade, muitas vezes, de colocar para fora aquilo que são os nossos sentimentos, as reações do nosso temperamento, da nossa personalidade, mas, muitas vezes, nos esquecemos quem está diante de nós.
Dirija a sua oração pedindo que o amor do Pai Céu preencha o seu coração, para que assim você seja capaz de perdoar aqueles que fazem mal a você
É mais espontâneo para nós reagirmos diante de uma provocação, diante de uma situação difícil que requer de nós uma interioridade maior, mesmo que essa reação se passe só no nosso interior. O nosso rosto pode ser impassível, o nosso rosto pode estar transmitindo paz e calma, mas talvez o nosso interior esteja um “vulcão”, porque estamos habituados assim: ação-reação. Não fazemos síntese daquilo que nós sentimos, não passamos pelo crivo da misericórdia de Deus e da bondade de Deus, aquilo que nós sentimos pelas pessoas e pelos nossos irmãos.
A grande virada é não ser afetado pelo mal quando nós já experimentamos um bem extraordinário, quando experimentamos o amor de Deus em profundidade, esse amor incondicional, gratuito, esse amor de Deus que nos constrange. Temos nisso uma grande chave de virada para que, quando nos depararmos com as misérias e com as fraquezas dos nossos irmãos, consigamos reagir de uma maneira mais evangélica.
Por isso a oração, hoje, para nós talvez não seja “que eu ame os meus inimigos”, mas que eu experimente o amor do Pai do Céu que me cura. Talvez, hoje, você não consiga fazer, diante de Deus, essa oração: “Que eu ame tal pessoa…”, mas você dirija a sua oração pedindo que o amor do Pai Céu encha o seu coração, preencha o seu coração para que assim, depois, você seja capaz até mesmo de perdoar, de amar e de rezar por aqueles que fazem mal a você.
Sobre todos vós, a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!