“Naquele tempo, Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que Ele fazia” (Marcos 3, 7-9).
Quando uma porta se fecha, tantas outras se abrem. Quando decidem que vão matar Jesus (porque, no episódio anterior a esse Evangelho, os herodianos, os fariseus decidem matar Jesus, após aquela cura do homem da mão seca, que nós já meditamos aqui), tantas pessoas começam a irem até Jesus para tocá-Lo, ouvi-Lo; para experimentarem a força da Sua palavra. Quando tudo parece perdido, tudo se faz novo. Momentos de crise podem se transformar em chance de crescimento, e foi assim na vida do Filho de Deus.
O texto de hoje começa dizendo que Jesus se retirou. A palavra grega usada é anachōréō, que significa ir embora (e daqui se deriva a palavra anacoreta, que significa aqueles monges que estão distantes, no deserto). Jesus sai daquela vida pública, da sinagoga, do Templo, das festas, mas esse isolamento não tem nada a ver com solidão, pois Ele não sofre de solidão; o texto diz que Ele se afasta com os Seus discípulos.
Todos nós temos necessidade de estar com aqueles que dividem conosco um projeto; uma meta, um modo de viver, uma escolha de vida, uma vocação… Sobretudo, em tempos difíceis de pandemia, encontrarmos com aqueles que são queridos ao nosso coração, como faz bem para a mente, para as emoções, para os nossos afetos e até fisicamente!
As pessoas ouviam o que Jesus fazia. E o que Ele fazia? Somente o bem
Da decisão de matar Jesus, nasce uma pequena comunidade: Jesus e os Seus discípulos; de uma aparente derrota, nasce um projeto novo. Como nós precisamos desse olhar de fé! Como seriam mais leves as nossas batalhas ou até mesmo alguns fracassos da nossa vida, se nós enxergássemos que, por trás de tudo isso, podem surgir coisas novas, um olhar de esperança.
Gosto muito de dizer, após a confissão dos meus penitentes, a seguinte frase: “Deus faz nova todas as coisas”, porque é isto que acontece: após uma experiência de pecado, Deus faz nova todas as coisas, é justamente para lembrar os meus penitentes que aquela aparente situação de pecado pode transformar-se em uma belíssima ocasião de conversão e mudança de vida.
As pessoas ouviam o que Jesus fazia. E o que Ele fazia? Somente o bem. Ele vivia praticando o bem, por isso, Ele incomodou tanta gente. O mal não nos incomoda enquanto nós o praticamos, agora, o dia em que nós rompemos com o mal, começamos a viver fazendo o bem, então, vem aquela avalanche de perseguição. Nesse momento, é hora de escolher: nos unir de novo ao mal e aos que praticam o mal ou resistir junto com um pequeno grupo, quem sabe doze, quem sabe o grupo da sua família, da sua comunidade, e nos tornamos numa força de atração, num testemunho em que as pessoas se apoiam.
As pessoas que querem aquele estilo livre de vida de Jesus e dos discípulos estão iniciando um novo percurso. Tome também a decisão: decida-se pelo grupo de Jesus; esteja ao lado de Jesus e daqueles que o amam, para que, unidos a eles, você também possa levar essa experiência a outros corações.
Sobre todos vós, a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!