“E, além disso, há grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós’” (Lucas 16,26).
O Evangelho de hoje nos mostra o grande drama vivido entre o rico (que se vestia com roupas finas, elegantes e passava os seus dias aqui, na Terra, fazendo festas esplêndidas) e o pobre Lázaro (que vivia nas portas das casas e queria as sobras que caiam das mesas para matar a sua fome).
Havia um grande abismo que separava o pobre e o rico com a sua opulência. O pobre cheirando à miséria humana, ao descaso e ao descarte feito com a criatura humana; e o rico “respirando” os gastos excessivos e tudo aquilo que representa uma vida repleta de avarezas, bens e prazeres materiais.
O retrato do rico da época é o retrato de muitas riquezas do mundo em que vivemos e das extremas pobrezas que experimentamos ao nosso lado. Vamos em qualquer grande cidade, metrópole e logo vemos as grandes casas, vidas luxuosas e, a poucas distâncias, estão os bolsões de misérias, pessoas que estão jogadas nas ruas, passando fome, necessidades e muitas pessoas sendo descartadas.
Não podemos negar a realidade dos profundos abismos sociais que há no mundo em que vivemos, isso doí no coração de Deus e deve doer no coração de cada um de nós. Jamais nos conformemos com as desigualdades e jamais as entendamos como vontade de Deus.
É agora que temos de trabalhar para cuidar dos mais pobres e necessitados
Quando morre o rico e também o pobre, o rico vai para o abismo, para o sofrimento eterno; e o pobre vai para o consolo divino, vai para o seio de Abraão, vai feliz para a eternidade junto de Deus.
Vemos o rico clamando e pedindo socorro; e a resposta de Abraão é que há um profundo abismo que separa a realidade eterna daquele rico do destino eterno do pobre que está junto de Deus. Porque, na outra vida, não há como inverter as situações; a hora de inverter as situações ou tornar a situação mais justa é aqui e agora, no mundo em que estamos.
É agora que temos de trabalhar para superar as desigualdades; é agora que temos de trabalhar para cuidar dos mais pobres, dos mais sofridos e necessitados. É agora que precisamos abrir os nossos olhos e não nos conformamos em dizer: “Eu fui abençoado por Deus. É Deus quem me deu prosperidade. É Deus quem me deu tudo o que tenho”.
Que bom que você se empenhou e trabalhou; mas que bom que o senso da compaixão, da justiça e do amor evangélico está em nós! Então, a maior riqueza que podemos possuir é o senso de compaixão para com os mais necessitados e sofridos.
Jamais se conforme, jamais diga que é vontade de Deus; e jamais ignore os Lázaros do nosso tempo. São muitos, eles estão nas portas de nossas casas, à frente de nossas ruas, em nossas favelas e comunidades. Não ignoremos os pobres para não sermos ignorados por Deus na eternidade.
Deus abençoe você!