Há muitas pessoas feridas e machucadas, há muitas pessoas dentro de nossas casas que precisam de nossa proteção
“Mas um samaritano que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão” (Lucas 10, 31).
Nesse ano riquíssimo que estamos celebrando e vivenciando o Ano da Misericórdia, a parábola do bom samaritano é para nós um reflexo de como o cristão deve agir neste mundo em relação ao seu próximo.
Dizemos assim: “Temos de amar o nosso próximo!”, mas como nós o amamos? Amor tem de ser concreto, tem de ser atitude. Amor não é somente virtude ou sentimento da alma. Amor é ação.
O Evangelho de hoje apresenta-nos três figuras. A primeira delas é um sacerdote que estava descendo pelo caminho e viu um homem caído, porque foi assaltado quando estava a caminho de Jericó e levaram tudo dele, deixaram-no simplesmente jogado e prostrado no chão. Quando o sacerdote da lei judaica passou, ele estava muito apressado, tinha muitos compromissos; passou e deixou aquele homem jogado no chão. Do mesmo modo, passou também um levita (aquele que entende das leis, da interpretação das Leis de Deus). O levita pode entender tudo da Lei de Deus, mas da caridade não entende nada. O levita chegou naquele lugar e viu o homem naquela situação de prostração e seguiu adiante. O samaritano não se dá bem com os judeus, mas foi ele quem viu aquele homem prostrado e foi movido de compaixão.
Compaixão não é pena nem dó, compaixão é sentir amor, paixão, sentir o que o outro está sentindo. Compaixão é colocar-se no lugar do outro, é ter um coração como o de Deus. Como é o coração de Deus? Cheio de misericórdia!
Aquele homem não parou para dizer: “Ele é um judeu! Mereceu esse castigo! Vai pagar pelo que fez!”. Pelo contrário, ele viu as feridas, o sofrimento daquele homem, pegou-o pelo braço, levou para a hospedaria mais próxima e fez questão de cuidar de todas as suas feridas. E ainda pediu à hospedaria que cuidasse daquele homem até que ele se recuperasse e que gastasse o que fosse preciso, porque o que se gastasse a mais, ele pagaria na sua volta.
Sabe, meus irmãos, tudo o que fizermos pelo nosso próximo, tudo o que fizermos um pelo outro, o bom samaritano Jesus, na Sua volta definida, pagará.
Nosso dever é cuidar das feridas uns dos outros, é cuidar dos machucados que estão, primeiro, dentro de casa, porque não adianta olharmos primeiro os machucados da rua. Há muitas pessoas feridas e machucadas, há muitas pessoas dentro de nossas casas que precisam de nossa proteção. Depois, o mundo que está ao nosso redor, que por onde passamos encontramos as feridas expostas. Não é para menosprezarmos, ignorarmos, sermos indiferentes, quanto menos dizer: “Esse problema não é meu!”.
Onde houver uma alma ferida, um coração machucado, onde houver um filho de Deus prostrado, uma pessoa que foi roubada, assaltada por este mundo, ali deve estar o coração do seguidor de Cristo, movido pela compaixão, cheio de misericórdia para com o coração humano. Se Deus é eterna misericórdia e compaixão por nós, também precisamos ser cheios de misericórdia e compaixão para com os sofrimentos da humanidade.
Como comecei, quero terminar: misericórdia e compaixão não são apenas sentimentos da alma. Misericórdia e compaixão são atos e atitudes!
Há muitos irmãos nossos jogados e prostrados nas estradas da vida; em nossas casas e famílias, precisando de atitudes de misericórdia. Que nos gastemos e desgastemos para cuidar deles! Só assim as nossas obras de misericórdia não serão blá blá blá, mas atos concretos de vida.
Deus abençoe você!