“Naquele tempo, um leproso chegou perto de Jesus e, de joelhos, pediu: ‘Se queres, tens o poder de curar-me’. Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse: ‘Eu quero: fica curado!’ No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado. Então Jesus o mandou logo embora, falando com firmeza: ‘Não contes nada disso a ninguém!’” (Marcos 1,40-44)
Meus irmãos e minhas irmãs, o fato de chegar perto de Jesus já causa um espanto, porque a proibição era muito dura, o isolamento social para quem tinha essa doença da lepra era muito cruel, sem contar também o isolamento religioso que as pessoas viviam quando tinham essa enfermidade: não podiam frequentar o templo, não podiam se voltar para Deus.
Quantos irmãos nossos se sentem assim hoje, aqueles afetados por enfermidades físicas, mas também aqueles marcados com as sentenças que recebem por causa de um pecado, por causa de uma escolha errada que fizeram, por causa de uma separação. Quantos não podem se aproximar de Cristo, quantos se sentem isolados da comunidade cristã!
Desse leproso ninguém pôde tirar a fé e a confiança que ele tinha em Jesus. A sua posição — como diz o Evangelho — de joelhos, corresponde muito bem àquilo que existia no seu coração. A sua piedade era genuína, não era um exibicionismo; a sua oração é certeira: “Se queres”.
O milagre é algo sublime; muito cuidado para não banalizar algo tão sobrenatural
Ele sabe o que Jesus pode realizar por ele, mas vai na vontade do Senhor: “Se queres, pode curar-me”. Jesus não usa o dom de milagres para aumentar a sua fama nem para despertar a admiração das pessoas; tanto que repreende aquele homem e diz: “Não conte nada a ninguém”.
O milagre é algo sublime! Muito cuidado para não banalizar algo tão sobrenatural. Muito cuidado com essas promessas por aí, mirabolantes de milagres. Nem Jesus usurpou esse dom do Pai.
Reparem que o leproso não diz: “Eu quero”; quem disse “eu quero” foi Jesus. O leproso só reconheceu a onipotência de Deus em Jesus Cristo. Realizar o milagre é comprometer-se com a vida das pessoas, tanto que Jesus — no Evangelho vocês observaram —, depois disso, não podia mais entrar na cidade, Ele ficava fora, em lugares desertos.
Jesus trocou de lugar com aquele homem. Agora, é Jesus quem sofre o distanciamento social e religioso. A cruz, sabemos, foi o mais forte distanciamento que Jesus sofreu por amor a mim e a você. Ele se fez solidão para acabar com a solidão do mundo; Ele se fez pregar numa cruz para destruir toda a solidão e tristeza em nosso interior.
Por isso, hoje, ao contemplarmos esse Evangelho, do encontro de Jesus com esse leproso, também pedimos ao Senhor e suplicamos que Ele também cure as nossas lepras, que também nos toque com a Sua graça e transforme-nos.
Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!