“Veio João, que nem come e nem bebe, e dizem: ‘Ele está com um demônio’. Veio o Filho do Homem, que come e bebe e dizem: ‘É um comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e de pecadores’” (Mateus 11,18-19).
Começo a nossa reflexão de hoje perguntando: “Qual é a desculpa ou a culpa que você joga nos outros pelas acomodações que você vive na vida?”. Vivemos numa época onde arrumamos desculpas para tudo — quando não, jogamos a culpa nisso, naquilo ou no outro—, mas nunca voltamos para o nosso interior para reconhecermos: “Eu errei”, “Eu pequei”, “Eu não dou conta”, “Eu não me esforço”. Não! Estou sempre arrumando desculpas.
As pessoas que não vão à igreja, as que vão de vez em quando ou vão quando querem, quando dá, você pode saber, elas têm sempre um “catálogo de desculpas” para dar. As coisas que vivemos na nossa vida, que não melhoramos, que não mudamos, que não estão bem, nós já temos uma lista de culpas e de desculpas para também darmos.
Foi assim que fizeram também na época de Jesus, porque chegou João, o Batista, o batizador, anunciando a Palavra de Deus com todo o clamor que vinha da sua alma, mas João era um homem de uma vida de ascese, era uma vida disciplinada. João comia mel silvestre, gafanhotos, não bebia vinho e diziam: “Está endemoniado”. A desculpa é que João era duro demais. Então, não podiam seguir um cara que tinha uma vida assim, mas aí vem Jesus que come na casa dos outros, come o que oferecem para Ele, bebe com os outros —“Esse Jesus também não dá não. Ele é um comilão, um beberrão. Imagina, Ele anda com cobradores de impostos, ele anda com pecadores”.
As coisas que vivemos na nossa vida, que não melhoramos, já temos uma lista de culpas e de desculpas para também darmos
Vivemos de desculpas para tudo. “Não vou na igreja porque o padre de lá é isso, o padre é aquilo”, “Não vou porque as pessoas da igreja são arrogantes”. Geralmente, as pessoas arrogantes que falam assim estão sempre dizendo que o problema são os outros, estão sempre arrumando desculpas — “Eu era de igreja. Frequentei muito tempo, mas fiquei decepcionado com isso e com aquilo”, e aí você está arrumando desculpas para a sua falta de compromisso, para a sua falta de perseverança, para a sua falta de crescimento interior, você está se colocando no “poste da arrogância” onde você é o suprassumo.
E, geralmente, você pergunta: “Mas, e os seus defeitos?”. Não, geralmente, estou desculpando os nossos erros, as nossas falhas, e estamos sempre culpando os outros pelas situações que não me esforço, pelas situações onde não assumo o compromisso de ser melhor. Por isso, pode ser que, para essa vida, para esse mundo, para essa sociedade que aceita tudo, que vale tudo, nossas desculpas, muitas vezes esfarrapadas, sirvam para alguma coisa, mas, na presença de Deus, não. Não vai adiantar no dia do julgamento dizer: “Senhor, não me converti porque não gostava do padre da minha igreja”, “Não me converti porque a minha mãe, porque o meu pai… porque isso, porque aquilo”.
A imaturidade nos faz sofrer nessa vida, mas cuidado! Porque a imaturidade nos tira da eternidade, porque é birra de almas imaturas, de corações que não amadurecem para tomar consciência e responsabilidade diante das próprias situações da vida e estão sempre se desculpando e culpando os outros.
Que Deus nos ajude a amadurecer a cada dia!
Deus abençoe você!