“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: ‘Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados’.” (Lucas 6,36-37)
Neste tempo da Quaresma, insistentemente, somos convidados a um profundo exame de consciência. Com certeza, você já ouviu muito falar de fazermos um exame de consciência, de examinarmos as nossas atitudes, de fazer enxergar as nossas inúmeras faltas e, assim, corrigi-las, repará-las através do perdão, da confissão, do sacramento.
O Evangelho de hoje traz uma excelente contribuição para esse processo de mudança de vida. Lucas pede que sejamos misericordiosos porque Deus é misericordioso conosco.
Quando, humildemente, colocamo-nos diante de Deus com todas as nossas faltas, os nossos pecados, Deus está ali, prontamente, para nos perdoar. Ele nos acolhe sempre porque é um Deus de misericórdia, Ele não sabe fazer outra coisa a não ser exercer a Sua misericórdia sobre nós.
A grande dificuldade está em nós mesmos, que possuímos essa dificuldade em perdoar, muitas vezes, até de se autoperdoar, de ter compaixão consigo. O nosso coração ainda é muito fechado à misericórdia de Deus, não buscamos a misericórdia de Deus e não exercemos a misericórdia para com o próximo; não somos misericordiosos como Deus quer que sejamos.
Se quisermos de Deus a Sua misericórdia, também devemos ser misericordiosos uns com os outros
Muitas vezes, preferimos julgar os outros, preferimos nos esconder atrás desses julgamentos e isso revela uma grande incoerência de nossa parte. Às vezes, queremos o perdão de Deus, queremos que Ele nos perdoe, mas não nos esforçamos para perdoar o nosso irmão que está ao nosso lado. Quanta incoerência!
Todavia, a Palavra de hoje nos afirma que: se quisermos de Deus a Sua misericórdia, também devemos ser misericordiosos uns com os outros. É isso que Jesus nos fala hoje. E diz mais: se não quisermos ser julgados por Deus e pelos outros, também não devemos fazer julgamentos.
Quem julga o seu próximo coloca-se num patamar diferente do seu, achando-se melhor do que ele; e não somos melhor do que ninguém. Meu irmão é igual a mim, merecedor também da misericórdia tanto quanto eu sou merecedor da misericórdia.
Os nossos erros e pecados podem até ser diferentes, mas não estamos isentos aos erros e às falhas a ponto de poder julgar o outro, a ponto de julgar o pecado do outro, não é isso que Deus quer de nós. É cômodo se esquivar dos nossos próprios erros, julgar o outro, mas, neste tempo da Quaresma, somos chamados a voltar o nosso olhar para nós mesmos, a perceber as nossas falhas, incoerências, erros e buscarmos a misericórdia de Deus. E, a partir disso, também ser misericordioso com o outro.
Deus nos compreende, mas também precisamos aprender a compreender os nossos irmãos. Peçamos esta graça: a de sermos misericordiosos, assim como Deus Pai é misericordioso conosco.
Sobre você, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!