17 Jun 2010

A oração do Reino*

Se queremos procurar a ideia vertebral do Pai-nosso para centrar nela a nossa atenção, convém ter em conta que o Reino de Deus, inaugurado por Jesus, é a ideia onipresente e determinante. Para que se cumpra o desejo ardente com que devemos repetir uma e outra vez o “venha a nós o vosso Reino”, ou seja, para que se manifeste plenamente o Reino de Deus entre os homens seguem-se as demais petições: que santifiquemos o nome e a pessoa de Deus, que cumpramos a Sua vontade fielmente, que agradeçamos e partilhemos com os outros o pão de cada dia, que perdoemos aos irmãos como Deus nos perdoa, e que resistamos à tentação e ao mal.

Todavia há dois aspectos intimamente unidos e interdependentes, que temos de sublinhar no Pai-nosso. Em primeiro lugar, a afirmação vigorosa da paternidade universal de Deus em relação a todos os homens, uma paternidade sempre em ação porque o amor paternal do Senhor atua a cada instante criando-nos e modelando-nos à imagem d’Ele. E em segundo lugar, a consequência lógica disso mesmo: a fraternidade comum entre os filhos de Deus, que somos todos. O cristão é irmão dos outros, e estes são irmãos para ele; o que significa algo muito mais sério e comprometedor que companheiro ou camarada.

A imagem de Deus como Pai está muito acima do vaivém dos tempos, muito para além das ideologias e explicações psicológicas. Por isso toda a tradição eclesial rendeu fidelidade e homenagem ao “Pai-nosso.” Os Santos Padres dedicaram-lhe muitos dos seus saborosos comentários, e na catequese quaresmal da alta Idade Média adquiriu grande relevo, especialmente com a “entrega do Pai-nosso” aos catecúmenos que iam ser batizados na Vigília Pascal.

Nunca deveria desaparecer dos nossos lábios a oração do Pai-nosso, sobretudo, nos momentos-auge da vida familiar, comunitária e pessoal, como faz a liturgia da Igreja. É a oração mais excelente que se possa imaginar, ao mesmo tempo que a mais fácil e simples, a mais profunda e ecumênica, a mais viva e atual. Pois tem por Autor o próprio Cristo. Foi a única “fórmula” de oração que Jesus nos ensinou; mas é muito mais que uma fórmula para recitar. É todo um modo de vida para os filhos de Deus, é um convite à entrega total à vontade do Pai, a fim de que o Seu reinado se manifeste plenamente em nós.

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova

*Cf. B, CABALLERO. A Palavra de cada dia; p. 389-390. Paulus: 2000.

Pai das Misericórdias

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