O que nos lava e nos salva é a misericórdia de Deus, o que torna o nosso coração bom e verdadeiro é a misericórdia que nós usamos para com o nosso próximo!
“E Jesus perguntou: ‘Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?’ Ele respondeu: ‘Aquele que usou de misericórdia para com ele’. Então Jesus lhe disse: ‘Vai e faze a mesma coisa’” (Lucas 10, 36-37).
Todos nós conhecemos os mandamentos do Senhor, e creio que não seja nenhuma dificuldade, para nós, entendermos que o resumo e o sentido principal dos mandamentos é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Até uma criança sabe desse resumo e desse sentido da Lei de Deus. A nossa dificuldade é saber como colocar isso em prática.
Por isso ao ser questionado, Jesus explicou, de forma bem prática e concreta, o modo como devemos colocar em prática o mandamento do amor ao próximo, porque nós talvez nem encontremos muitas dificuldades para amar as pessoas de quem nós gostamos, amar as pessoas que nos fazem bem, retribuir aquelas pessoas que nos fazem favores e que nos ajudam. Na verdade, fazemos isso com muito gosto e com muito amor. No entanto, somos chamados por Deus a ser, verdadeiramente, o “bom samaritano” para com o nosso próximo. E ser o bom samaritano não é simplesmente fazer uma caridade, ajudar ali e aqui.
O bom samaritano foi o homem que viu o seu próximo caído e prostrado por terra, depois de ter perdido tudo, até mesmo a dignidade, depois de ter sido maltratado, assaltado, roubado. O sacerdote estava muito apressado, ocupado; o levita conhecia tudo da Lei, mas passou adiante, não quis nem olhar. O fato é que havia uma rixa entre samaritanos e judeus, e que não havia uma proximidade entre eles; ao contrário, havia inimizade entre samaritanos e judeus. Assim, nenhum sacerdote judeu, nenhum levita judeu pôde cuidar daquele homem quando ele precisou de ajuda. Quem usou de toda a misericórdia do fundo da sua alma e do seu coração foi mesmo o samaritano, que nem levou em conta o tempo, o dinheiro, o que era preciso ser gasto para cuidar daquele irmão.
Deixe-me dizer a você: se o que nos lava e nos salva é a misericórdia de Deus; e o que torna o nosso coração bom e verdadeiro é a misericórdia que nós usamos para com o nosso próximo! Existem muitos irmãos caídos ao nosso lado, caídos porque nos ofenderam, nos machucaram; caídos porque já não fazem mais parte da nossa lista de amizade, de amor, de carinho, pessoas que talvez nós nem nutramos mais o sentimento de amizade por elas.
Nós precisamos fazer gestos concretos de amor para com o nosso próximo, sem que ele nem precise saber que nós fazemos! Nós precisamos exercer a misericórdia para com aqueles que precisam de nós, que sejam próximos a nós ou muito distante de nós. Sejam pessoas que podem até nós retribuir ou não, pois o sentido maior da misericórdia é para aqueles que não podem nos retribuir de forma nenhuma.
Todas as vezes em que eu cuido, que acolho e dou o melhor de mim para o meu próximo, eu cuido do próprio Senhor! O mundo hoje necessita de misericórdia, não só da misericórdia de Deus, mas a misericórdia de uns para com os outros. O mundo precisa da minha misericórdia para com os necessitados, da minha misericórdia para aqueles que necessitam do meu afeto, do meu carinho, da minha presença; principalmente se eu não recebi isso dessas pessoas.
Uma obra de misericórdia maravilhosa, que salva muitas almas, é você exercer a misericórdia para com seus pais. Talvez fiquemos ressentidos e digamos: “O meu pai não foi o melhor do mundo, ele até me maltratou, foi indiferente comigo”. Que beleza você dar o troco – mas o troco se chama: misericórdia. Que bom você cuidar de pessoas que, talvez, até tenham feito mal para os outros!
Se você pensa de uma forma pagã, você vai dizer: “Sofre! Para pagar o que você fez!”. Mas se você pensa como um discípulo de Jesus, você usa a moeda da misericórdia para tratar o seu próximo, o sofredor, o necessitado que pode estar dentro da sua casa ou distante de você!
Deus abençoe você!