01 Feb 2010

'Vai para casa, para junto dos teus...!'

A Palavra do Senhor, neste dia, a partir do Evangelho de São Marcos, vem nos apresentar – muito mais que um jovem possesso – a história daquilo que estamos tocando em nossa sociedade e, infelizmente, no interior de nossas famílias, no interior da nossa vida.

São Marcos não menciona o nome deste jovem, mas, nas entrelinhas dessa passagem bíblica, nós conseguimos perceber o nome dele. Qual o seu nome? Sim, este jovem é cada um de nós. Para não dramatizar, vamos meditar para que possamos compreender.

A cadeia que nos prende chama-se pecado; as correias nada mais são que os pecados em nós; quando nos encontramos longe de Deus a sensação é de morte, de não vida; tudo na nossa volta parece um cemitério, ou seja, um grande ambiente de não vida. Se nós analisarmos aquelas pessoas que sofrem do mal da dependência química, da prostituição, dos vícios, por exemplo, perceberemos que são pessoas que vivem submetidas ao pecado e seus ambientes de vida são aqueles lugares mais exclusos da sociedade, os mais medonhos, os mais sujos…

Jesus não tem medo de ir até aquelas realidades mais dramáticas da nossa vida. Quando o Senhor chega, quando a Luz chega, as trevas passam a não existir mais.

Cristo pergunta o nome do demônio que adormenta aquele jovem; o demônio dá o nome de legião, pois não é um, mas são muitos. Aí entendemos o salmista quando diz que um abismo atrai outro abismo ao fragor das cascatas. Para dizer que, pecado gera pecado; aquilo que começa simples, de forma inofensiva – aparentemente – vai tomando proporção na nossa vida, a ponto de não mais conseguirmos administrá-la sem uma profunda intervenção de Deus em nós.

O diabo reconhece que Jesus é o Filho do Deus Altíssimo. E nós? Reconhecemos que Cristo é o Filho do Deus Altíssimo? Tomara que sim! Se O reconhecêssemos o pecado não teria “tanta força” em nós. Aliás, tenho me convencido, cada vez mais, de que o pecado não possui nenhuma força capaz de invadir e ocupar o nosso coração; o pecado entra em nós, porque encontra espaço vago, vazio, em nosso coração; e este espaço acontece quando deixamos de fazer o bem. Quanto mais fizermos o bem, tanto menos espaço vazio existirá em mosso coração. O maior bem que podemos fazer para nós mesmos é mergulharmos a nossa vida em Deus, na Sua Palavra; é sermos inteiramente de Deus.

Após a libertação desse jovem acontece uma das coisas mais maravilhosas que já percebi em Jesus: o tal jovem encontra-se calmo; volta à sua vida normalmente; volta ao convívio com os seus; passa a fazer parte, novamente, do convívio social; enfim, ele está curado, liberto, restaurado pela graça e misericórdia de Deus. No entanto, o Senhor resolve sair daquela região para prosseguir Seu caminho de levar a Boa Nova do Reino aos demais. Quando Cristo subia para a barca veio o jovem que tinha sido possesso e pediu-Lhe permissão para acompanhá-Lo. Jesus não o admitiu, mas disse-lhe: “Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti, e como se compadeceu de ti.”

Que espetáculo! Jesus, muito mais que refutar o seguimento de uma pessoa, quer que venhamos a saborear a verdadeira liberdade dada por Ele; Cristo queria daquele jovem, e quer de cada um de nós, que venhamos a saborear a liberdade dada por Deus. Nunca, é claro, confundir liberdade com libertinagem. Jesus não permitiu que o jovem trocasse uma escravidão pela outra, ou seja, a escravidão do pecado pela escravidão – que podemos transformarda religião vivida de forma errada. Ele é taxativo: vai primeiro evangelizar os da tua casa! Vai testemunhar em obras e palavras as maravilhas que Deus fez em você! Evangelizar os de fora é fácil; difícil é evangelizar os de dentro da nossa casa, os da nossa família, aqueles que trabalham e convivem conosco.

Jesus nos visita, quer nos libertar e nos conduzir à verdadeira liberdade para que possamos nos realizar plenamente em nossa vida: esta realização está em levarmos o Evangelho, a começar pelos nossos.

Padre Marcos Pacheco

Comunidade Canção Nova

Pai das Misericórdias

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