Deus mantém a Sua oferta de amor, vida e salvação, embora com o risco do desprezo do homem, cuja liberdade respeita, inclusivamente na opção pelo pecado. Este não é senão a ruptura da aliança de amor, com o Senhor, a escolha das trevas e a atitude de onde brota o agir perversamente, isto é, as más obras.
Assim continua a expor o Evangelho de hoje: “O que crê no Filho de Deus não será julgado; o que não crê já está julgado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus”. A fé ou a incredulidade presentes contêm já uma antecipação do julgamento definitivo de Deus: a salvação ou a condenação, respectivamente. É a escatologia já realizada e atual, embora não final, própria do quarto Evangelho.
O que decide, em última instância, é a responsabilidade pessoal, ou seja, a aceitação ou rejeição de Cristo pela fé ou pela incredulidade, a opção pela luz ou pelas trevas, pela verdade ou pela mentira, pelo amor ou pelo egoísmo, pelo bem ou pelo mistério da incredulidade, que é o pecado.
Mas o fato de eu ser amado pessoalmente por Deus não me fecha num círculo à volta do qual cresce o desinteresse pelos outros. Pelo contrário, porque Deus ama o mundo e o homem tal como são, hei de sentir-me irmanado com eles. A nossa fé é vida e luz que se difundem, força positiva que cria otimismo, amor que se abre aos outros.
Se a mensagem deste dia da Páscoa nos deixa frios e indiferentes, soou o sinal de emergência espiritual: necessitamos de uma hospitalização urgente por alienação do bom senso e perda total da consciência religiosa, que nos impedem de captar a surpreendente novidade: a “loucura” de um Deus apaixonado pelo homem.
Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova
*Cf. B, CABALLERO. A Palavra de cada dia. p. 193-194. Paulus: 2000.