01 Mar 2010

Perdoar para ser perdoado*

O Evangelho de hoje encontra-se dentro do Sermão da Planície – que para Mateus é o Sermão da Montanha – narrado por São Lucas. É o Sermão das Bem-aventuranças, o Sermão da Felicidade. Sendo este último [Sermão da Felicidade], significa que não podemos deixar de fora nada que se encontra neste discurso, pois disso depende nossa felicidade, nossa bem-aventurança: vocação universal de todo batizado.

Não podendo deixar de lado nada que aí se encontra na  Palavra, muito menos podemos deixar de viver esta que é a regra de ouro para toda a vivência do amor entre nós: viver a misericórdia como o Senhor a vive conosco. Ser misericordioso como o Pai é misericordioso.

“Misericórdia” significa, do latim, “coração que se volta para o miserável” – entendendo miserável não de forma pejorativa, mas como aquele que está necessitado de misericórdia. Jesus é este que se encontra totalmente voltado para nós a partir da nossa miserabilidade, ou seja, vive por excelência o amor do Pai: amor que consiste em amar o outro a partir daquilo que ele tem de pior.

Jesus é misericordioso, pois exerce a misericórdia; mas ao mesmo tempo, Ele é a misericórdia do Coração do Pai. A misericórdia que exercemos para com os outros possui poder de ressurreição para essas pessoas. Jesus nos envia a exercer a misericórdia, não pelo fato simplesmente de Ele ser misericordioso, mas sendo misericordioso, e nos enviando para o exercício desta misericórdia, quer que propaguemos a ressurreição que nos foi dada mediante o amor do Seu coração misericordioso, vivido de forma misericordiosa.

Não possuímos o direito de julgar nenhuma pessoa, pois Jesus não nos julga de forma condenável, como, muitas vezes, fazemos para com os outros. Aliás, teríamos um mundo melhor, uma sociedade melhor, uma família melhor, se em vez de condenarmos, exercêssemos a misericórdia e o amor para com as pessoas, a começar por aquelas bem próximas de nós.

Não há dúvida de que a causa de tanta infelicidade, que acontece em nossa sociedade, a começar em cada um de nós, muitas vezes, se dá pelo fato da falta de misericórdia que exercemos sobre as pessoas. Vivemos, infelizmente, numa sociedade cruel, desumana; mas, quanto de sociedade existe dentro de mim e de você?

Sejamos os primeiros a viver a misericórdia de forma concreta! Nesta Quaresma, neste tempo maravilhoso que nos encontramos, como podemos exercer de forma concreta a misericórdia? Existem as obras de misericórdia: corporais e espirituais. Dar de comer a quem tem fome; dar de beber a quem tem sede; vestir os nus; acolher os peregrinos; visitar os doentes e presos; todas estas são obras de misericórdia corporais.

Aconselhar os ignorantes; ter paciência com os que se encontram fracos na caminhada; rezar pela conversão dos pecadores; dentre outras, são as obras de misericórdia espirituais. A nós cabe exercer a misericórdia fazendo aos outros o que gostaríamos que fizessem conosco e como agissem conosco.

As obras de misericórdia nos convidam a darmos aos outros aquilo que possuímos de melhor em nós mesmos. “Dai e vos será dado”, diz Jesus. Muitas vezes, não recebemos porque nossas mãos se encontram fechadas para tudo e para todos. A medida daquilo que recebemos, enquanto graças de Deus, consiste no tamanho de nossa disponibilidade em ajudarmos, em amarmos os outros.

Não há pobreza em nosso meio. Há miséria! Miséria esta fruto da falta de amor, de abertura, de entrega, de misericórdia para com os outros.

Padre Pacheco

Comunidade Canção Nova.

*Cf. B, CABALLERO. A Palavra de cada dia. p. 115-116. Paulus: 2000.

Pai das Misericórdias

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