17 Jun 2011

Para onde direciono o meu olhar?

Continuamos com a nossa reflexão sobre as bem-aventuranças. E, hoje, o Evangelho nos faz duas recomendações sobre como fazermos uso dos nossos olhos e como nos devemos relacionar com os bens materiais.

Nos quarenta anos de deserto, o povo eleito foi provado para ver se era capaz de observar a Lei de Deus (cf. Ex 16,4). A prova consistia nisto: ver se eles eram capazes de recolher só o necessário de maná para cada dia e de não acumulá-lo para o dia seguinte.

E hoje, na mesma linha, Jesus diz: “Não acumuleis riquezas aqui na terra, onde as traças e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam”.

O que significa “acumular tesouros no céu”? Trata-se de saber de onde vim, o que faço aqui na terra e para onde vou. Descobrir qual o fundamento da minha existência e nele colocar a minha confiança. Se o deposito nos bens materiais desta terra, sempre corro o perigo de perder o que acumulei.

Porém, se este fundamento é Deus, ninguém vai poder destruí-lo e terei a liberdade interior de partilhar com os outros os bens que possuo. Para que isso seja possível e visível é importante que se crie uma convivência comunitária que favoreça a partilha e a ajuda mútua, na qual a maior riqueza ou tesouro não é a riqueza material, mas sim a riqueza ou o tesouro da convivência fraterna nascida a partir da certeza trazida por Jesus de que Deus é o meu Pai e Pai de todos. E se Ele é nosso Pai todos nós somos irmãos. E é em nosso Pai, é n’Ele, que deve estar o nosso coração de filhos.

A lâmpada do corpo é o olho, porque, como afirmou Cristo: “Os olhos são como uma luz para o corpo”. Mas, para entender o que o Senhor nos pede, é necessário ter olhos novos. Jesus é exigente e pede muita coisa: não acumular, não servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. Essas recomendações exigentes tratam daquela parte da vida humana, na qual as pessoas têm mais angústias e preocupações. É urgente que tenhamos o nosso olho lúcido e sadio, porque “Se teu olho estiver doente, todo o teu corpo estará também doente”.

Na realidade, a pior doença que se possa imaginar é uma pessoa fechar-se em si mesma e em seus bens e confiar somente neles. É a doença da tibieza, da mesquinhez. Quem olha a vida com este olhar viverá na tristeza e na escuridão. O remédio para curar esta doença é a conversão, a mudança de mentalidade e de ideologia. Colocando o fundamento da vida em Deus, o olhar se torna generoso e a vida toda se torna luminosa, pois faz nascer a partilha e a fraternidade.

Jesus quer uma mudança radical. Quer que vivamos como Deus é. A imitação de Deus leva à partilha justa dos bens e ao amor criativo, que gera fraternidade verdadeira.

Onde está a sua riqueza, aí estará o seu coração. Onde está a sua e a minha riqueza? Muitas pessoas idolatram o marido, a esposa, os filhos – ou parentes – colocando-os acima de Deus. Outras colocam em primeiro lugar o dinheiro, os bens materiais (o carro, o cavalo, a vaca, as joias etc.) e relegam para o segundo – ou o último lugar – Deus e a família. Esquecem-se de que é em Deus, é no amor ao próximo como a si mesmo, que está a fonte da vida.

Meu irmão, a você eu me dirijo e pergunto: Que luz você tem como referência? Para onde direciona o seu olhar? Para as coisas do mundo ou para o Círio Pascal, que é a fonte da luz sem ocaso? Ele é a luz no mundo, quem Lhe segue não se engana nem na vida e nem na morte.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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