04 Dec 2011

Nascemos porque Deus não perdeu a esperança na humanidade

São Marcos nos apresenta uma novidade como ponto central na história da humanidade e na vida individual de todos os homens: a proclamação de Jesus de Nazaré como o Ungido e Messias por ser Ele o Filho do Deus único e verdadeiro. Essa proclamação é necessária nos dias de hoje até para muitos batizados que vivem de costas a essa realidade.

O Antigo Testamento está ligado ao Novo Testamento porque o primeiro é a palavra da esperança e o segundo é o cumprimento dela. Ambos escritos – sob a inspiração divina – se complementam como uma história única em que Deus Todo-poderoso intervém de modo pessoal. Deus não é somente o providente e diretor, mas Ele também intervém com Sua presença para impedir que tudo acabe em tragédia pelo triunfo do mal.

João, no deserto, é uma figura que representa a atualização dos desejos da humanidade: a proximidade de Deus na vida de todos os que não conseguem sair da miséria vivida, quer seja na ordem material, quer na ordem espiritual. O Deus de João Batista é um Deus próximo, amigo e protetor. É o Deus que os profetas anunciaram e que João Batista recorda como eterno aliado para quem optou pelo bem.

São Marcos inicia seu Evangelho com as narrativas sobre João Batista e o batismo de Jesus, e o encerra com a narrativa do encontro do túmulo vazio pelas mulheres (o que vem a seguir, em Mc 16,9-20 é consensualmente um acréscimo posterior ao texto original).

Marcos segue a trajetória delineada por Pedro, registrada por Lucas em Atos dos Apóstolos, segunda a qual o testemunho de Jesus abrange o período que vai “desde o batismo de Jesus até o dia em que foi arrancado dentre nós” (cf. At 1,22). Posteriormente, Mateus e Lucas elaborarão as narrativas da infância de Cristo, que serão inseridas antes das narrativas sobre João Batista e sobre o batismo do Senhor. Por último, João escreverá seu Evangelho iniciando-o com o Prólogo do Verbo encarnado para, em seguida, narrar os fatos relativos a João Batista.

João Batista e Jesus têm íntima relação em seus ministérios. Lucas, de modo especial, destaca essa relação no seu Evangelho, fazendo um expressivo paralelismo nas suas narrativas de infância de João Batista e de Jesus.

João Batista era filho de sacerdote, porém, rompe com a tradição sacerdotal e com o Templo de Jerusalém, indo para a periferia (“deserto”) às margens do rio Jordão, pregando a conversão à prática da justiça, por meio da qual os pecados são perdoados. Para o sistema religioso-sacerdotal da época, os pecados só poderiam ser perdoados diante dos sacerdotes no Templo de Jerusalém e diante de ofertas e sacrifícios. João descarta essa doutrina, anunciando que é pela prática da justiça que se supera o pecado. Com a sua pregação ele é visto como o cumprimento da profecia de Isaías, por preparar o caminho de Jesus Cristo.

A Igreja toma como modelo de sua pregação neste Advento a mudança de mentalidade, como a que se dá naquele que se arrepende de um desígnio ou plano anterior como também de uma determinação errada ou ainda de uma atuação desastrosa. E as palavras dos antigos profetas indicam o novo caminho a empreender: “Deixai de praticar o mal e aprendei a fazer o bem”. Somente com este propósito poderemos entender no seu verdadeiro significado a visita de Jesus e Seu modelo como homem.

Convido-lhe a ser como um menino que, diante do presépio, teve um colóquio com Jesus:

– Que gostaria Jesus que eu te desse como presente de aniversário?

– Três coisas – disse-lhe Jesus: Dá-me o desenho que fizeste hoje de manhã.

– Mas ninguém gostou dele…

– Por isso mesmo! Quero que sempre me dês aquilo que os outros não gostam de ti ou que tu mesmo olhas como frustração. Como segundo presente dá-me teu prato.

– Mas eu quebrei o prato…

– Por isso mesmo! Eu quero tudo que na tua vida está roto e fragmentado. Eu te ajudarei a recompô-lo. E a terceira coisa? Quero, pois, a resposta que deste aos teus pais quando te perguntaram pela quebra do prato.

– Mas foi uma mentira!

– Por isso mesmo! Eu te mostrarei como a verdade é mais proveitosa do que qualquer mentira, mesmo que nesta última encontres a desculpa que te parece necessária, para evitar que o fizeste por raiva, por pirraça.

Gostaria de lembrá-lo de que para Deus nada é impossível. O que o Todo-poderoso não é capaz de fazer é deixar de amá-lo. A sua vida para Ele tem conserto. Cada criatura, ao nascer, traz a mensagem de que Deus Pai ainda não perdeu a esperança no homem.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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