09 Feb 2013

Demonstro compaixão por meio das minhas palavras e atitudes?

Pegando a frase do Evangelho: “a multidão estava como que ovelhas sem pastor”, Jesus atrai para Si o título de pastor. Este atributo a Jesus, recebe a sua justificação na observação do evangelista ao interpretar os sentimentos do coração do Senhor vendo as multidões que O seguiam. Jesus se compadeceu delas.

Mestre desde o início da Sua missão, Cristo convida os discípulos –  e a todos nós! – a manifestar aos homens o amor de Deus por eles. Em poucas linhas, podemos ter o quadro da vida de Jesus com os apóstolos e a multidão: a intimidade do Senhor com o grupo dos doze apóstolos em ordem à formação dos mesmos, a atividade intensa da vida pública de Jesus e dos apóstolos, o entusiasmo do povo pelo Senhor, a Sua disponibilidade apesar da fadiga, por fim, os sentimentos profundos de Jesus perante esse povo errante e faminto. É assim que Deus olha para mim e para você, bem como para toda a sua família e os homens no mundo inteiro. Ele deseja e quer que todos O procuremos.

Embora com o desejo e a vontade de atender a todos, Jesus com os apóstolos ressalta a sua necessidade de descanso depois as tarefas apostólicas. Para dizer que também o missionário precisa de repouso. Um tempo de retiro, de recuperação das energias, de intimidade com Deus. Foi por isso que, quando voltam empolgados com os resultados da missão, a primeira reação do Mestre é convidá-los para uma retirada, para que possam refazer as forças.

Jesus tem critérios que não correspondem ao grande critério da nossa sociedade: o da eficácia! Para Ele, os apóstolos não eram “máquinas”, mas, em primeiro lugar, pessoas humanas, que necessitavam ser tratadas como tais. O trabalho – mesmo o missionário – não é absoluto. Jesus reconhece a necessidade de um equilíbrio entre todos os aspectos da vivência humana.

Aqui, há uma lição para muitos cristãos engajados hoje: embora devamos nos dedicar ao máximo no apostolado, não devemos descuidar das nossas vidas particulares, da nossa saúde, do cultivo de valores espirituais e do relacionamento afetivo com os outros. Caso contrário, estaremos esgotados em pouco tempo, meras “máquinas” ou “funcionários do sagrado”, que não mostram ao mundo o rosto compassivo do Pai, e que por dentro são ocos.

O texto ressalta a compaixão de Jesus para com o povo com uma característica específica: era um povo muito sofrido, rejeitado e desprezado pelos chefes político-religiosos de então, que nem tinha tempo para comer. E quando Cristo se retirava, o povo ia atrás d’Ele. O que atraía tanta gente? Com certeza, não foi, em primeiro lugar, a doutrina nem os milagres, mas o fato de irradiar compaixão, de demonstrar duma maneira concreta o amor compassivo de Deus.

Jesus não teve “pena” do povo, não teve “dó” dos sofridos. Teve “compaixão”, ou seja, literalmente Ele “sofria junto” e tinha uma empatia com os sofredores, a qual se transformava numa solidariedade afetiva e efetiva. Este traço da personalidade de Jesus desafia as Igrejas e os seus ministros para que não sejam “burocratas do sagrado”, mas irradiadores da compaixão do Pai.

Infelizmente, muitas vezes, as nossas igrejas mais parecem repartições públicas do que lugares do encontro com a comunidade que acredita no amor misericordioso de Deus e na compaixão de Jesus! A frieza humana frequentemente marca as nossas atitudes, pregações e cuidado pastoral. Num mundo que exclui, que marginaliza e que só valoriza “quem consome e produz”, o texto de hoje nos desafia para que nos assemelhemos, cada vez mais, a Jesus, irradiando compaixão diante das multidões que hoje, como nunca, estão como ovelhas sem pastor.

Padre Bantu Mendonça

Pai das Misericórdias

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