Estamos diante de mais uma parábola que se refere aos que espiritualmente não veem nada, dos que se encontram doentes por causa do pecado, mas que se julgam sãos e em condições de julgar, orientar e guiar os outros que acham estar também doentes. Por isso, Jesus chama-nos à atenção: “Um cego não pode guiar outro cego. Se fizer isso, os dois cairão num buraco”.
Para que possamos sair da condição de cegueira e sermos guias dos outros precisamos, em primeiro lugar, nascer de novo e nos expor à Palavra de Deus dia a dia, pois é ela que nos limpa e nos abre os olhos sobre nossos erros.
Também é importante que tenhamos pessoas maduras e verdadeiramente espirituais ao nosso lado, que nos ajudem a ver o que ainda não conseguimos devido à nossa imaturidade. Veja o que diz o Mestre: “Nenhum discípulo é mais importante do que o seu mestre. Porém, quando tiver terminado o discipulado, este será igual ao seu mestre”.
Se é verdade que o meu e o seu Mestre é Jesus, então não temos outro caminho a tomar, nem outro fim, senão ser iguais a Ele. Você tem de passar pelo processo de Deus na sua vida, nascendo de novo, batizando-se nas águas e crescendo a cada dia com a ajuda do ensino da Palavra de Deus e do discipulado. Busque um coração humilde, sempre disposto a aprender e a corrigir os próprios erros.
Querer conduzir os outros sem conhecer a Pessoa de Cristo – que é o Caminho, a Verdade e a Vida – será uma “tragédia após tragédia”. As consequências dessa situação serão desastrosas também para o que está sendo guiado. Além de não chegar ao destino desejado, não se conseguirá solucionar os problemas do dia a dia para os quais os princípios da Palavra de Deus apresentam resposta e direcionamento. E como se não bastasse, ambos poderão sofrer prejuízos espirituais, emocionais, físicos, materiais, familiares – para não falar da própria morte.
Portanto, alinhe a sua vida aos princípios da Palavra de Deus, colocando à prova os seus caminhos para ver se eles se mantêm na Verdade.
Assim como os fariseus e as autoridades religiosas da época julgavam as pessoas em geral por seus pecados, estando eles próprios carregados de orgulho e avareza – e totalmente desprovidos de amor e compaixão – hoje o caso se repete quando você e eu, sem conhecer, nem mais nem menos nos colocamos julgando os outros e deixamos os nossos pecados de lado. E então, Jesus não querendo dizer que o povo não tinha pecados a ser confessados, mas, sim, afirmar que a religião fria e, às vezes, até cruel daqueles homens, para Deus, se constituía numa falta mais grave do que o argueiro nos olhos do povo, volta para mim e para você e nos censura: “Hipócrita! Tire primeiro a trave que está no seu olho e então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão”.
Não julgue nem condene as pessoas que se encontram em prováveis situações de erro. Guarde o seu coração da crítica ou das palavras de acusação contra o seu semelhante.
Trate primeiro do próprio pecado e de suas debilidades, para depois, com compaixão, poder ver, de fato, e lidar com as dos outros. Muitas vezes, por falta de misericórdia, por nossos corações sempre estarem cheios de julgamentos e condenações e, por outro lado, por nunca sabermos lidar com os próprios erros e nunca chorar pela nossa indiferença, até nos virmos necessitados do favor e da Misericórdia Divina, somos cruéis para com os outros porque nos julgamos sem pecado e acima de qualquer suspeita.
Saiba primeiro lidar sincera e honestamente com a sua fraqueza e os seus pecados antes de estar na condição de ajudar a outras pessoas. Sem essa atitude interior, corremos o risco de nos endurecermos em nossos erros, a ponto de não vê-los mais, além de nos tornarmos insensíveis em relação às fraquezas do próximo. Lembre-se de que os fracos julgam e condenam enquanto os fortes, porém, compreendem e perdoam.
Padre Bantu Mendonça