24 Oct 2010

Íntegros e verdadeiros diante de Deus e dos homens

Neste final de semana, o grande tema da liturgia é acerca da oração. Jesus conta uma parábola, para nos explicar o comportamento que devemos ter para com Deus, pois Ele acolhe com amor e misericórdia, somente aqueles que se aproximam com o coração sincero e livre, reconhecendo suas misérias, sem busca de sustificação pelo que se faz de bom. Nas atitudes, devemos ser como o fariseu – íntegros e corretos, mas na oração, devemos ser como o publicano, ou seja, alma aberta, transparente diante de Jesus.

Mas precisamos confessar uma coisa: não é fácil rezar! Aliás, rezar é uma das coisas mais difíceis para o cristão, simplesmente pelo fato de trazermos, dentro de nós, fruto do pecado original, uma indisposição para rezar. Todavia, é fundamental que venhamos, num primeiro momento, entender o que, verdadeiramente, significa oração. O que é oração?

Para responder a esta pergunta, somo convidados a recorrer a definição de Santa Tereza D’Avila acerca da oração: oração é um diálogo entre duas pessoas que se amam. Ana, a mãe de Ismael (1Sm 1,1ss) também traz uma definição espetacular do que é oração, quando interpelada pelo sacerdote Eli, quando a questiona sobre sua atitude – aparentemente – estranha no templo: meu senhor, eu simplesmente derramo a minha alma na presença do Senhor. A atitude dos maiores homens e mulheres da Sagrada Escritura também nos mostram sobre o que é oração, pois sempre tiveram a coragem de rasgar as vestes na presença de Deus, ou seja, tinham a coragem de rasgar o coração, arrancar as mascaras e desnudarem-se diante de Deus, numa profunda transparência e verdade diante do Pai. Isso é oração!

Ora, se oração é intimidade diante de Deus, é rasgar o coração diante D’Ele, é derramar a alma sobre Ele, aqui está o grande motivo pelo qual não conseguimos rezar. Por quê? Porque somos acostumados a ir para a oração e querer colocar máscaras diante de Deus, pois achamos que Ele vai nos atender se formos bonzinhos, pois o mundo só nos aceita os bonzinhos, aqueles que não possuem dificuldades; então para ser aceito pelas pessoas, eu preciso disfarçar minhas misérias e pecados; o mesmo comportamento temos diante de Deus. Aqui está o ponto pelo qual não somos atendidos por Deus: queremos usar máscaras diante de Deus.

Os Padres do Deserto vão dizer que, a alma da oração não é a piedade – estar inteiro na oração; isso é conseqüência da oração. A alma da oração não é a fidelidade – todos os instantes, momentos e dias, estou em oração; isso é conseqüência. Para os Padres de Deserto, a alma da oração é a verdade, ou seja, tudo aquilo que está dentro de mim, que não tenho a coragem de partilhar com ninguém. Aliás, o Senhor quer conversar neste diálogo de amor – a oração – acerca de tudo aquilo que não veio D’Ele, ou seja, nossa miséria, nosso pecado.

Tudo aquilo que temos de bom, de virtudes e talentos em nós, na oração o Senhor quer que, no máximo, venhamos a agradecer e colocar tudo isso a serviço dos irmãos. O que Ele quer conversar conosco é sobre aquilo que não veio D’Ele: nossas misérias, nossos pecados, nossas feridas, pois Ele quer transformar, tudo isso, em carisma, em dom, em vida para a vida dos outros. Para isso, é preciso rasgar o coração e suplicar com confiança, pois a confiança é a mãe da oração; a confiança é este vaso que colhe a misericórdia de Deus que se derrama do Coração Misericordioso de Jesus, do Seu lado aberto da cruz redentora.

Padre Pacheco,

Comunidade Canção Nova.

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