30 Oct 2011

O remédio contra a vaidade

Jesus, neste Evangelho, continua a sua polêmica com os fariseus conforme vimos há dois domingos.

Agora, Jesus se torna verdadeiramente mais incisivo. Ele torna-se até mesmo “acusador”. Até aqui, Cristo parecia estar na “defensiva”; agora Ele “parte para o ataque”. E o que Ele está realmente atacando aqui?

Poderíamos dizer que estamos diante de um grande confronto entre a comunidade cristã e os judeus (fariseus). Mas, se fizéssemos isso, estaríamos escapando do Evangelho de hoje, ou seja, aplicando-o para outras pessoas ao afirmarmos: “Ah! São os judeus culpados disso aqui; não temos nada a ver com isso!”

Na verdade, neste Evangelho, Jesus está pondo o dedo na ferida de todos nós. Também nós estamos dentro desta realidade da hipocrisia e da vaidade que Cristo quer denunciar. E em que consiste a hipocrisia?

A hipocrisia consiste em querer mostrar aquilo que eu não sou. É o pecado da simulação, ou seja, tenho dentro de mim um vazio, um nada, mas quero demostrar o que eu não sou. Pois bem, aqui nesta passagem, Jesus quer que saiamos desta atitude.

Qual é o caminho para sair desta simulação, desta hipocrisia vaidosa, na qual eu gosto de ser saudado, ocupar os primeiros lugares e ser sempre respeitado? O caminho é o da humilhação diante de Deus.

A virtude da humildade é muito difícil de ser vivida. Por quê? Porque se quisermos nos humilhar diante das outras pessoas, ela irá se converter em vaidade. Não é verdade?

Por exemplo: uma pessoa que se veste bem, que é vaidosa, mas que de repente diz: “Vou me livrar da vaidade” e começa a se cobrir de andrajos, de vestes cheias de remendos etc. Então, aquilo que antes era um ato de humildade passa a ser vaidade, porque a pessoa começa a se envaidecer da sua pobreza.

Uma pessoa que fala bem, que faz grandes discursos, pode se envaidecer por ser um orador. No entanto, se esta pessoa resolvesse ficar silenciosa, aquele mesmo silêncio que ela fez, porque procurava a humildade, pode se transformar agora em objeto de vaidade. “Vejam como eu sou silencioso e humilde!”

É assim que constatamos que a humildade é uma virtude muito difícil de ser vivida, pois tudo aquilo que fazemos para matar a vaidade acaba por alimentá-la, porque, quanto mais santos vamos ficando, mais vaidosos nos tornamos. Então, é algo quase desesperador!

Como fazer para sair desta armadilha? O único caminho é humilhar-se diante de Deus. Não adianta ficar se humilhando diante das pessoas, porque tudo se transformará em vaidade.

Humilhar-se diante de Deus é o seguinte: por exemplo, você tem uma certa santidade, tem uma conversão de vida, tem uma vida de oração. Faz jejuns, reza o Terço, comunga todos os dias… E aí? Você é santo?

Bom, se você comparar-se com outras pessoas, vai até encontrar pessoas menos santas do que você e vai se envaidecer. Se você olhar para os pagãos, para aqueles que não querem nada com Deus, para os ateus, você pode até envaidecer-se e achar-se “muito grande, bom e cheio de luz”.

Mas, se você se colocar diante do Senhor e fizer a “comparação” entre sua pequena santidade e a imensa santidade de Deus, então, de repente, você será humilhado. Humilhado completamente, porque a sua santidade não é nada.

Para fugirmos da vaidade, para não cairmos no “farisaísmo” de quem quer se apresentar como santo diante dos outros, só existe um caminho: humilhar-se diante de Deus.

Diante d’Ele nós nada somos. Pare de se comparar com as outras pessoas e comece a se “comparar” com o Senhor. Você verá o resultado!

É assim que entenderemos a razão de ser do Evangelho de hoje. Quem realmente é santo? Deus. Quem realmente é Mestre e Pai? Deus. Nós nada somos!

Quando realmente nos comparamos com Aquele que é imenso e eterno, aprendemos o caminho da humildade. Somente assim podemos fugir da vaidade, desta armadilha que está sempre pronta para nos “abocanhar”.

Por mais que queiramos ser santos, se continuarmos nos comparando com as outras pessoas, seremos vaidosos. Mas se nos “compararmos” com Deus, seremos humilhados. E o melhor remédio para a vaidade é a humilhação. Isso nos dará como fruto a virtude da humildade.

Padre Paulo Ricardo

(transcrição e adaptação da homilia dominical – canal Liturgia Diária)

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