“Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido. Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: ‘Senhor, tu me lavas os pés?’ Respondeu Jesus: ‘Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás’. Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: ‘Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros’. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz.” (João 13,1-7; 12-15)
Hoje é Quinta-feira Santa, e nós estamos iniciando o nosso no Tríduo Pascal, é a celebração In coena domini. A Ceia do Senhor, Instituição da Eucaristia, instituição do sacerdócio e do Mandamento novo. São coisas muito especiais que nós celebramos neste grande dia. Jesus é o servo do Pai, servo da humanidade, servo por amor. O Tríduo Pascal não pode começar sem esses pilares: Eucaristia, Sacerdócio e Mandamento do Amor. Saber-se Amado, ser Ministro do amor, viver a lei do amor para com todos. São três elementos que a celebração de hoje à noite nos apresenta. Pela manhã, nós temos a chamada Missa do Crisma; à noite, nós temos a celebração conhecida como Lava-pés.
Lavar os pés era uma função dos servos da casa, pois os pés eram uma parte mais suja do corpo, justamente pelo contato com a poeira, com a estrada. Mas Nosso Senhor começa nos amando pela parte mais suja de nós, pela parte menos nobre, aquela que nos causa vergonha só em pensar. Lavando os nossos pés, Ele sinaliza a Sua obra de amor. Às vezes, nós oferecemos resistência. Pedro não quer que Jesus lave os seus pés, nós não queremos este amor constrangedor, que nos perdoa, que acredita em nós. Muitas vezes, o amor de Deus nos causa este constrangimento, porque Ele começa nos amando pelo nosso pior, pela nossa parte mais suja.
O mandamento do Amor, o gesto de Jesus é exemplar
Não há como não dizer que para nós sacerdotes esse gesto nos faz recordar o ministério que nós assumimos no dia da nossa ordenação, o ministério de amar a humanidade, a mesma humanidade que Cristo amou e se entregou por ela. Nós não temos o direito de desistir de nenhum daqueles que Deus nos deu como ovelhas para pastorear. Nenhum caso é perdido, ninguém pode ser condenado ao fogo do inferno, mas todos devem ter a chance e a oportunidade de voltar-se para Deus. Por fim, o mandamento do Amor, o gesto de Jesus é exemplar, ou seja, ele suscita uma imitação, o que ele fez tornou-se um Novo Mandamento, algo para ser seguido à risca. O gesto não se resume apenas à Quinta-feira Santa, mas o Lava-pés é um estilo de vida. Se o Senhor nos amou, assim nós também devemos nos amar uns aos outros.
Sobre você, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!