02 Jan 2024

Seja porta-voz do mistério de Jesus Cristo

“Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: ‘Quem és tu?’ João confessou e não negou. Confessou: ‘Eu não sou o Messias’. Eles perguntaram: ‘Quem és, então? És Elias?’ João respondeu: ‘Não sou’. Eles perguntaram: ‘És o Profeta?’ Ele respondeu: ‘Não’” (João 1,19-21).

Meus irmãos e minhas irmãs, “Eu não sou…”, dizer isso para defender a nossa imagem é muito pertinente porque é natural para o ser humano ter mecanismos de defesa do seu eu, do seu ego, mas, se João tivesse dito: “Sou eu…” não seria coisa ruim porque se tratava do Messias, não era pouca coisa. João teria ganhado muito reconhecimento, e certamente muitos seguidores, por dizer que seria o Messias.

Se João fosse atrelado a uma cultura midiática, ele poderia ter usado justamente isso a seu favor. Sabemos que, hoje, neste mundo em que vivemos, as pessoas tentam vender uma imagem que, muitas vezes, não são; e essas imagens podem atrair muitas pessoas. Por isso, muito cuidado!

João negou ser o Messias, negou ser o profeta. Como é feio encontrar pessoas que se acham “o” ou “a”, aquelas pessoas que se consideram mais do que as outras ou mais importantes do que as outras. Você sabe que no português, esse artigo definido ‘o’ ou ‘a’ é no singular; é justamente o grande mal do homem de hoje: se achar único, se achar onipotente e, muitas vezes, brincar de ser Deus.

Não somos nem a última palavra nem a única palavra; somos a voz, somos a voz de Cristo

É triste ver muitas pessoas vivendo com o ‘eu’ que é desproporcional àquilo que se é de verdade, aquilo que a pessoa é na sua essência. Vemos muitas pessoas que são portadoras de duas identidades: após a missa são uma pessoa e fora da igreja outro tipo de pessoas. Longe dos olhares das pessoas se apresentam de outra forma e no íntimo da família se comportam de outra maneira. Tem muita gente vivendo com vida dupla.

O ensinamento que João Batista nos dá hoje é, justamente, sermos coerentes com a nossa identidade, sermos coerentes com aquilo que somos de fato.

João nunca deixou que o sucesso que ele fazia definisse quem ele era — porque João era também conhecido como ‘o batizador’ e muitas pessoas iam até ele —, mas ele nunca deixou que isso se identificasse com quem ele era. Cuidado! Porque, muitas vezes, podemos nos identificar com aquilo que fazemos, sobretudo se tem sucesso.

João se denomina somente ‘a voz’: “Eu sou a voz daquele que grita no deserto”. É bom recordar que não somos nem a última palavra nem a única palavra; somos a voz, somos a voz de Cristo.

Cuidado! Porque ser porta-voz de Cristo é uma grande responsabilidade, pois não podemos dizer qualquer coisa, temos de dizer do mistério de Cristo e anunciar o mistério d’Ele na sua inteireza, na sua totalidade, revelando a Sua identidade às pessoas, para que as pessoas, conhecendo a identidade do Cristo, conheçam a própria identidade e tenham condições de dizer quem elas são.

É assim que acontece quando nos aproximamos de Cristo: descobrimos quem Ele é e descobrimos quem somos. Cada um tem o seu lugar!

Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!


Padre Donizete Heleno Ferreira

Padre Donizete Heleno Ferreira é Brasileiro, nasceu no dia 26/09/1980, em Rio Pomba, MG. É Membro da Associação Internacional Privada de Fieis – Comunidade Canção Nova, desde 2003 no modo de compromisso do Núcleo.

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