“Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galileia. Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram a seu encontro. Pararam à distância e gritaram: ‘Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!’ Ao vê-los, Jesus disse: ‘Ide apresentar-vos aos sacerdotes’. Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz” (Lucas 17,11-15).
Meus irmãos e minhas irmãs, Jesus está a caminho de Jerusalém e, atravessando a Samaria — uma terra considerada, por Israel, impura, de gente infiel, de pessoas que deveriam ser evitadas a todo custo. Jesus não se paralisa nessas mentalidades, Ele atravessa a Samaria a caminho de Jerusalém.
Jesus não segue esse tipo de raciocínio porque se encontra, justamente, com as pessoas nas condições nas quais elas se encontram.
Dez leprosos vêm ao encontro de Jesus, não sabemos nada sobre eles, os nomes, quem são essas pessoas, sabemos apenas que eles estavam juntos. É interessante porque é uma informação importante, pois a lepra, na época de Jesus, causava um isolamento social muito radical, da pessoa ficar realmente excluída, totalmente isolada e sozinha.
Oração sem louvor a Deus, é uma oração pagã, é interesseira e da boca para fora
Estes dez leprosos se unem no momento de sofrimento — algo parecido com os tempos recentes que nós vivemos da pandemia; um momento dramático para toda a humanidade, mas que para muitos serviu de elo entre membros da família que viviam separados e distantes uns dos outros, mesmo morando debaixo do mesmo teto. Pessoas que nem se falavam, pessoas que não compartilhavam as refeições, pessoas que viviam isoladas e a pandemia foi, claro, com todo o drama que isso nos trouxe, também uma oportunidade para que nós, como cristãos, como seres humanos, repensemos muitos valores que tinham sido deixados de lado.
E os dez leprosos fazem algo ainda mais surpreendente: rezam. Porque quem está sofrendo, reza ou murmura; ou se coloca diante de Deus ou vai viver a vida amargurada. A oração dos dez é imediatamente ouvida por Jesus, mas a narração não termina com o milagre, infelizmente. Porque apenas um deles voltou para agradecer, os outros nove só ficaram numa modalidade de oração: a súplica; não entraram no louvor.
Louvor não é coisa de carismático, é coisa de filho agradecido; louvor é completar a oração da súplica, é saber que nós temos um Pai no céu que cuida de nós. Oração sem louvor, sem louvor a Deus, é uma oração pagã, é interesseira e da boca para fora.
Curiosamente, foi um samaritano que voltou para dar graças a Deus, alguém de fora do círculo religioso. Cuidado com a oração das muitas palavras, porque pode estar faltando o essencial na sua oração: a gratidão a Deus.
Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!