Jesus não poupa Seus discípulos das tribulações que o mundo lhes prepara. Melhor dizendo, o Mestre não lhes reserva um lugar especial, geograficamente separado, onde estejam imunes às tentações: “Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno”. Aliás, é pelo fogo que se prova o ouro. A prova de sua fé acontece no confronto com o maligno. É então que podem dar mostras da solidez ou da fragilidade de sua adesão ao Senhor.
E diante do futuro confronto com o príncipe deste mundo, Jesus se coloca em oração – já aqui na terra – por eles e os consagra a Deus: “Pai santo, pelo poder do teu nome, o nome que me deste, guarda-os para que sejam um, assim como tu e eu somos um”. No colóquio com o Pai, Cristo alude ao fato da deserção de um discípulo, seduzido pelo maligno: “Nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição”.
Jesus Cristo pede a graça da unidade para os Seus discípulos. Ele é um com o Pai. E veio ao mundo para revelar aos homens o Pai, para que estes comunguem na própria vida do Pai, junto de quem Ele é representante. A unidade é, por isso, a comunhão de vida existente entre o Pai e o Filho, e que, pelo Filho, vem até aos homens. Os que chegarem ao conhecimento do Pai pela palavra do Filho entrarão na unidade com Deus Pai se se deixarem consagrar por essa Palavra da verdade que o Filho lhes revela.
Todo o Seu ministério foi marcado por uma dedicação exemplar àqueles que o Pai lhe confiara. Guardava-os, com desvelo, para não se desviarem do caminho. Falava-lhes do Pai, revelando-lhes a Sua face amorosa. Consagrou-os na verdade e os enviou para serem continuadores de Sua missão.
A vida do Espírito Santo sobre os discípulos enviados para a missão é a segurança esperada por eles de Deus, que os consagra no amor e na alegria. Assim, como Deus consagrou o Seu Filho, assim também Jesus os consagra a Deus – Seu Pai – e os envia em missão, ao mundo, para darem testemunho e serem testemunhas da Verdade, que é a realização da vontade de Deus: justiça, paz e vida sobre a terra.
Padre Bantu Mendonça