“Alguns dias depois, Jesus entrou de novo em Cafarnaum. Trouxeram-lhe, então, um paralítico, carregado por quatro homens. Mas não conseguindo chegar até Jesus, por causa da multidão, abriram, então, o teto, bem em cima do lugar onde ele se encontrava. Por essa abertura, desceram a cama em que o paralítico estava deitado. Quando viu a fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: ‘Filho, os teus pecados estão perdoados’” (Marcos 2,1.3-5).
Meus irmãos e minhas irmãs, reflito com vocês uma atitude drástica daqueles quatro amigos: eles abrem o teto em cima do lugar onde estava Jesus. Um detalhe que nos leva a uma reflexão eclesiológica, ou seja, o nosso modo de ser Igreja, de sermos presença de Cristo na vida dos nossos irmãos.
Preparando essa homilia, tenho que dizer a vocês: ela não tem conclusões; essa homilia tem proposições que nos instigam a pensar juntos sobre essa realidade que o Evangelho nos apresentou.
Quatro amigos nos recordam a comunhão da Igreja. Somos um corpo, se um membro sofre, todos os outros também sofrem porque ninguém se salva sozinho, ninguém se salva isoladamente, mas somos um povo, fomos constituídos ‘povo de Deus’, a partir da graça do nosso batismo.
Depois, o Evangelho diz que eles abrem o teto — isso me espantou muito —, como se quisessem abrir o céu para a vida daquele homem, abrir o teto daquela casa.
Vamos refletir sobre isto: o nosso modo de ser Igreja, o nosso modo de levar Cristo aos nossos irmãos
O ordinário seria entrar pela porta. Por que uma ação extraordinária foi necessária? Como levar aquela pessoa até Jesus? Como encontrar novos meios de fazer com que aquelas pessoas paralisadas, por algum motivo na sua vida espiritual, cheguem até o Cristo para serem libertas e curadas de todos os seus males?
A missão da Igreja, sabemos, é a chamada “salus animarum”, ou seja, “a salvação das almas”, mas cada alma tem o seu tempo, cada alma tem o seu modo. Como descobrir isso e aplicar isso nas nossas comunidades? Podemos estar na Igreja só enchendo a sala sagrada, onde Cristo está; atravancando as portas, atrapalhando as pessoas de entrarem, sufocando o Cristo com os incensos da nossa presunção e achando que nós O estamos adorando. É uma reflexão para todos nós!
Quem são estes quatro corajosos do Evangelho que estão levando, com modos extraordinários, tantos irmãos e irmãs até Cristo, para salvá-los dos seus pecados?
Fiquei inquieto, confesso a vocês, com esse teto sendo descoberto. Será que o prejuízo que foi causado não foi infinitamente menor do que o bem que provocou na vida daquele paralítico? Certamente, o paralítico valia muito mais do que aquele teto.
As pessoas valem mais; e quem pagou a conta foi o Cristo, que, do alto da cruz, redimiu toda a humanidade dos seus pecados, rasgando o céu para nós, o abrindo para nós, abrindo também esse teto para que a salvação chegasse até nós.
Vamos refletir sobre isto: o nosso modo de ser Igreja, o nosso modo de levar Cristo aos nossos irmãos.
Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!