“Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu e acreditou.” (João 20,4-8)
Hoje, celebramos a festa do apóstolo e evangelista São João. São João era natural de Betsaida, cidade da Galileia, às margens do mar de Tiberíades. Filho de Zebedeu, irmão de Tiago — que também respondeu prontamente ao chamado de Jesus, deixando imediatamente o seu pai para segui-Lo. João possuía um ardente amor a Jesus Cristo, um amor que fez com que ele fosse conhecido como o “discípulo amado”.
João seguia a Jesus com um coração inteiro — tão inteiro que foi capaz de gravar neste coração os mais sutis detalhes desse seguimento. João esteve com Jesus em muitos momentos, alguns desses momentos nos revelam o seu profundo amor e fidelidade como, por exemplo, quando ele repousa a sua cabeça sobre o peito de Jesus na última ceia ou estando ali diante da cruz de Jesus.
E, diante da cruz de Jesus, ele recebe, como testamento, Maria, como sua mãe. Ao saber da ressurreição, João foi esse discípulo que correu adiante, que chegou primeiro ao túmulo, e como acabamos de ouvir no Evangelho de hoje: não só chegou primeiro como viu e acreditou.
Quem ama, acredita; só o amor nos faz perceber os sinais da ressurreição que estão à nossa volta
Boa parte do que ele viu, ouviu e vivenciou está relatado no Evangelho e também nas outras cartas de sua autoria. E como testemunha ocular dos grandes feitos de Jesus, João fala com convicção de quem ama, de quem acredita e de quem é fiel.
O amor nos faz acreditar e compreender os mistérios de Deus. O amor nos faz enxergar mais longe, faz-nos compreender aquilo que, às vezes, é inacreditável. O amor nos faz acreditar no inacreditável e, tido como um dos evangelistas mais teólogos, João escreve desse modo mais carinhoso e chama os interlocutores de “filhinhos” e “caríssimos”.
O objetivo disso é justamente fazer com que nós também façamos essa experiência com o amor de Deus. João que viveu essa experiência de ser amado por Deus, deseja também nos fazer atingir essa experiência; os que amam compreendem com mais facilidade os sinais da ressurreição.
Quem ama, acredita; só o amor nos faz perceber os sinais da ressurreição que estão à nossa volta. O amor nos leva adiante, o amor nos faz correr mais rápido. Quem ama verdadeiramente sempre está à frente dos demais, quem ama sabe reconhecer a Deus.
João reconhecia Jesus Cristo porque ele muito amou, não é por acaso que foi o próprio João quem definiu Deus dizendo que Ele é amor. Que possamos também crescer no amor a Jesus Cristo neste tempo em que estamos (tempo do Natal), que possamos alargar o nosso coração. Amar a Jesus Cristo para compreender melhor os mistérios de Deus, a partir do amor que nos é revelado em Jesus Cristo.
Desça sobre vós a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!