“Jesus foi para as margens do mar da Galileia, subiu a montanha, e sentou-se. Numerosas multidões aproximaram-se dele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes. Então os colocaram aos pés de Jesus. E ele os curou. O povo ficou admirado, quando viu os mudos falando, os aleijados sendo curados, os coxos andando e os cegos enxergando.” (Mateus 15,29-31)
Na Liturgia deste dia, a imagem da montanha aparece, tanto na Primeira Leitura como também no Evangelho. A montanha é sempre um lugar de teofania, ou seja, é um lugar da manifestação de Deus, é um lugar da manifestação da glória de Deus. E será nesse lugar que o profeta Isaías, na Primeira Leitura do dia de hoje, apresenta-nos como o cenário de um maravilhoso banquete no qual serão preparados as melhores refeições que satisfazem a alma, que dão um profunda consolação e que saciam não somente a fome física do corpo, mas a fome da alma — a nossa alma que tem fome e sede de Deus.
No Evangelho de hoje, Jesus aparece animado pelos mesmos sentimentos que o profeta nos diz: o sentimento de compaixão com as pessoas. Quando Ele, nessa montanha, também permite com que a humanidade doente e necessitada se reúna à Sua volta — os coxos, os aleijados, os cegos, os mudos, os vários outros doentes são colocados aos pés de Jesus, são colocados diante do seu olhar, são colocados diante daquele que manifesta todo o seu amor, curando as suas enfermidades.
Deixe que o Senhor também exercite no seu coração a confiança e a compaixão; a confiança de saber que é Ele quem realiza o milagre
O povo se admira e louva a Deus com toda essa revelação da misericórdia do Senhor. Tudo seria mais do que suficiente para despertar no nosso coração a confiança na misericórdia do Senhor que é misericordioso, que olha com misericórdia, que cura, liberta e sara.
O Evangelho de hoje vai além, Jesus deseja também provocar e envolver a sensibilidade dos seus discípulos com tudo aquilo que Ele realiza, curando, acolhendo o povo, curando as suas enfermidades.
O Senhor também deseja tocar no coração dos Seus discípulos a sensibilidade para com o próximo, para com os irmãos. Ele decide envolver os discípulos na Sua compaixão, rompendo com os medos deles. Sabemos de cor e salteado qual é o final deste Evangelho — se você pegar no final, Jesus pede para que os discípulos alimentem a multidão. Jesus exercita, então, no coração dos Seus discípulos, a confiança de oferecer o que eles tinham, o que eles podiam fazer na certeza de que quem realiza o milagre é Jesus.
Por isso, diante desses milagres, das curas que hoje testemunhamos neste Evangelho, deixe que o Senhor também exercite, no seu coração, a confiança e a compaixão, a confiança de saber que é Ele quem realiza o milagre; a nós cabe apenas oferecer aquilo que temos, que nós podemos, mas também a compaixão de olhar para o próximo com o mesmo olhar que o Senhor olhou aquelas pessoas.
Desça sobre vós a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!