“O anjo entrou onde ela estava e disse: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!’ Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo então disse-lhe: ‘Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus’.” (Lucas 1,28-31)

O Evangelho de hoje apresenta-nos o anúncio do arcanjo Gabriel a Maria. Podemos notar, aqui, uma certa semelhança da reação de Maria com a reação de Zacarias, no Evangelho de ontem. Contudo, mesmo com essa certa semelhança, Maria, diferentemente de Zacarias, não reagiu com descrença, e sim com fé, uma fé ativa.

Por Maria não estar fechada nos seus raciocínios, em sua própria razão, e sim aberta ao novo de Deus em sua vida, ali, Ela interroga o anjo fazendo-lhe essas perguntas sérias e concretas. Isso não foi um sinal de falta de fé, pelo contrário, Maria lhe demonstrou todo o seu interesse em conhecer os planos de Deus, em descobrir qual era a vontade de Deus para Ela.

Maria, com os seus questionamentos, ensina-nos que a experiência da fé não é sustentada apenas com respostas já prontas, aprendidas de cor, mas a fé nos leva a um conhecimento da vontade de Deus. A fé não anula a nossa razão, e sim a eleva a um patamar mais alto.

Será por meio da fé que também poderemos confiar em Deus e, assim, responder como Maria

Aquele que tem fé, também tem a sua razão elevada. O anjo respondeu a ela: “O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Aquele que nascer será chamado Santo, o Filho de Deus”.

A experiência da fé não nos fecha em conceitos pré-estabelecidos, fundamentalistas. Precisamos recuperar essa dinâmica do diálogo autêntico por meio da oração. Através da oração — que é esse diálogo, essa conversa com Deus —, conhecemos os Seus caminhos, conhecemos a vontade de Deus, o Seu plano de amor para nós. Não só conhecemos como recebemos também graças para aceitar e acolher a Sua vontade, porque nem sempre o que queremos e desejamos corresponde com a vontade de Deus.

Deus nem sempre nos diz o que gostaríamos de ouvir, mas Ele sempre nos diz a verdade, e a oração nos abre à verdade que vem de Deus.

A verdade de Deus que, quase sempre é exigente, provoca-nos esse compromisso com a vontade de Deus, e será por meio da fé que também poderemos confiar em Deus e, assim, responder como Maria respondeu: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua palavra!”.

Desça sobre vós a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!