“Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas: ‘Tirai isso daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!’.” (João 2,13-16)
Meus irmãos e minhas irmãs, uma página do Evangelho de São João —, neste ano em que nos dedicamos ao evangelista Marcos, mas que, em um momento e outro, os evangelistas emprestam a sua experiência para que nós possamos compor o nosso Ano Litúrgico —, como já disse, uma página do Evangelho de São João que nos ajuda neste Terceiro Domingo da Quaresma.
Hoje é dia do Senhor, hoje é domingo. E Jesus expulsa os comerciantes. Veja, um anúncio profético, uma reforma que Jesus está implicando ali. Jesus não quer dar apenas uma lição moral, dizendo que não se pode vender coisas naquele lugar, não é só uma questão de purificação.
Às vezes, prendemos muito a nossa vida nas questões ritualistas, é muito mais do que isso. Jesus cumpre toda a tradição do Templo, uma mentalidade nova que supera aquela ideia do Templo como um lugar fixo, um espaço onde posso tocar Deus, onde posso pegá-Lo, onde posso manipulá-Lo e onde posso, até mesmo, comprá-Lo com as minhas ofertas — “Posso comprar o paraíso”, “Posso comprar a salvação, por isso, vou dar a Deus algo para receber algo em troca”.
É possível encontrar Deus em Cristo, na pessoa d’Ele morto e ressuscitado
Jesus rompe completamente com essa mentalidade que está presente, muitas vezes, dentro de nós. Jesus supera esse esquema e apresenta a Sua pessoa, a Sua morte, a Sua ressurreição como o lugar onde Deus está presente. O Templo é o corpo ressuscitado de Cristo, por isso, é possível encontrar Deus em Cristo, na pessoa d’Ele morto e ressuscitado.
Vale lembrar isto: não paremos no Cristo morto. Aproximamo-nos da Semana Santa e temos, muitas vezes, a tendência de parar no Jesus morto. Não nos fixemos apenas neste mistério, mas este templo foi destruído na Sua morte e, depois, reconstruído na Sua ressurreição, assim Jesus disse.
Por isso, a Liturgia é muito bela, na assembleia litúrgica há momentos em que estamos ajoelhados, expressando a nossa morte para o pecado e há momentos em que estamos de pé, como expressão de uma comunidade do Ressuscitado.
Cuidado! Porque a sua posição de joelhos pode não expressar piedade, mas pode expressar um desconhecimento litúrgico daquilo que está sendo celebrado. Tem hora para tudo na Liturgia: hora de ficar em pé, hora de ficar sentado, hora de ficar ajoelhado; e temos de entrar no ritmo litúrgico da celebração litúrgica, porque ali é o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
A Primeira Leitura de hoje apresenta-nos aquele contrato que fizemos com Deus, a primeira cláusula é a que Deus se apresenta: “Eu sou o teu Deus. Você me conheceu porque te tirei do Egito e, agora, você não pode ter outro Deus além de mim. Guarda os meus mandamentos” (cf. Êxodo 20,2). Os mandamentos são direções, são estradas para que cheguemos ao Reino dos Céus.
Sobre você, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!