31 Jan 2024

Dê espaço para o mistério de Deus em sua vida

“Naquele tempo, Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: ‘De onde recebeu ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?’ E ficaram escandalizados por causa dele. Jesus lhes dizia: ‘Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares’” (Marcos 6,1-4)

Ninguém é profeta na própria pátria. Por que isso? Porque as pessoas da nossa pátria pensam que já sabem tudo de nós, e daí não sobra espaço para o anúncio de nenhuma verdade. Isso é fato!

As pessoas sabem o nosso endereço, o nome dos nossos pais, dos nossos irmãos, o que fazemos; só falta elas saberem o nosso RG e o nosso CPF, sabem todas as informações.

Eles sabem tudo de Jesus, por isso, os da pátria correm o risco de perder a consciência do mistério a mais que existe na vida de Jesus. Os seus compatriotas perderam a oportunidade de tocar no mistério a mais que estava na vida de Jesus. É verdade, Ele era o filho do carpinteiro, filho de Maria, de José. Os irmãos de Jesus, aqui, na verdade, são parentes, porque a língua hebraica não tem uma palavra para expressar os outros graus de parentesco. É bom dizer isso, senão as pessoas confundem e acham que Jesus tinha outros irmãos.

É como na língua inglesa, por exemplo, ao dizermos cunhado, falamos irmão na lei [brother in law], e a língua hebraica também não tinha expressões para falar tio, primo, usava-se “irmão”.

Tornamo-nos também pretensiosos de achar que sabemos tudo sobre Jesus e não damos espaço para esse mistério

As informações, aqui, sobre Jesus eram verdades, mas existia algo a mais. E onde entramos nisso? Também nos tornamos, por graça de Deus, os concidadãos de Jesus, somos membros da sua família, tornamo-nos íntimos d’Ele, somos chamados filhos de Deus, frequentamos a Sua casa, comemos à Sua mesa, ouvimos as Suas palavras e, aí vem o perigo: tornamo-nos também pretensiosos de achar que sabemos tudo sobre Jesus e não damos espaço para esse mistério que a cada dia se renova, com isso entram os nossos pré-julgamentos, a dureza, muitas vezes, das nossas convicções — tenho que afirmar as minhas convicções, a rigidez dos nossos valores.

Porta fechada para Jesus, não precisamos aprender mais nada com Ele; esvaziamento do mistério da Sua pessoa, e pior, da Sua pessoa manifestada nos outros. Achamos que não temos mais nada a aprender com as pessoas. A consequência disso é o fechamento às pessoas, passamos a viver nos nossos guetos, onde todos pensam de um jeito igual, vestem os seus uniformes religiosos, adotam suas devoções, suas práticas e ousamos chamar isso de “cristãos fiéis”.

Hoje, neste dia que celebramos também a memória de Dom Bosco, que ele nos ensine a verdadeira santidade. Que a sua intercessão nos abra ao mistério de Deus que se renova a cada dia diante de nós, e que nunca percamos a capacidade de nos maravilhar com as coisas que Deus realiza em nossa vida.

Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!


Padre Donizete Heleno Ferreira

Padre Donizete Heleno Ferreira é Brasileiro, nasceu no dia 26/09/1980, em Rio Pomba, MG. É Membro da Associação Internacional Privada de Fieis – Comunidade Canção Nova, desde 2003 no modo de compromisso do Núcleo.

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