“Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas: ‘Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!’” (João 2,13-16)
Meus irmãos e minhas irmãs, neste dia 9 de novembro, com toda a Igreja, celebramos a festa da Dedicação da Basílica de Latrão (São João de Latrão, em Roma).
No dia da festa de uma Basílica Papal, o Evangelho nos apresenta o verdadeiro Espírito de um templo de Deus, um lugar de culto; não é uma casa de comércio como Jesus mesmo disse, porque o amor de Deus não se compra. Seria — desculpe a palavra — “prostituir” o amor de Deus querer comprá-lo, porque Deus é amor gratuito, Deus é inteiramente gratuidade, e se não fosse a gratuidade, não seria amor, seria interesse, porque é amor, é gratuito.
O problema maior, aqui, não eram as coisas que estavam ali no templo: bois, ovelhas, pombas, cambistas, porque essas realidades eram necessárias. Porque as pessoas faziam oferendas, ofertas, faziam holocaustos; os animais eram usados para isso, as pessoas vinham de diversas partes e as moedas eram diferentes, então, havia necessidade dos cambistas que trocavam pela moeda usada no templo. Mas o pior era a mentalidade mercantilista dos religiosos da época — “Faço algo para Deus e Ele me dá em troca as suas bênçãos”; compro Deus, controlo a Sua força de ação, aí está instaurada a idolatria pura, a idolatria do “eu”, pode até mesmo controlar a ação de Deus.
Deus é inteiramente gratuidade, e se não fosse gratuidade não seria amor, seria interesse
O comércio material que aparece aqui, na verdade, foi só um sintoma de uma doença muito maior. A doença da soberba, de brincar de ser Deus — que é muito mais grave.
Todos nós, cristãos, somos moralmente orientados a sustentar os templos sagrados, nossos locais de culto, a sua capela, a sua paróquia, o seu santuário, por isso que o dízimo que você dá é a expressão de amor pela casa de Deus, onde você e a sua comunidade se reúnem para celebrar a Palavra, para rezarem, para celebrar a Eucaristia, mas é Cristo quem torna você e sua comunidade cristãos.
Você pode ter uma simples capelinha onde você mora, na sua cidade ou no lugar onde você se encontra, e você ser uma bela construção de Cristo, como você pode também viver num lindo santuário e não permitir que Deus atue em você e construa em você uma obra nova com a sua graça santificante.
O importante é o coração, o importante é você se doar a Deus, entregar-se a Ele num comportamento totalmente gratuito, sem pretender nada de Deus, amá-Lo acima de todas as coisas, porque Ele é Deus.
Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!